
Depois de (mais uma) traumática eliminação na pós-temporada, o New Orleans Saints entra em 2019 ainda sob o comando de Drew Brees. A questão que paira no ar é justamente sobre quanto tempo resta para o quarterback tentar chegar ao seu segundo Super Bowl. O que os Saints farão de diferente na temporada que se aproxima?
Com 40 anos de idade, é inevitável ponderar se Drew Brees seguirá o atleta de elite que sempre foi desde que chegou à Nova Orleans, à la Tom Brady, ou se entrará na rota Brett Favre e cairá vertiginosamente de produção. Numa NFC South que se reforçou significativamente, o camisa 9 precisa, mais do que nunca, ser o nome que o torcedor está acostumado a ver.
Como foi 2018: (13-3, eliminado na Final de Conferência). Com um meio de temporada avassalador, a equipe da Louisiana teve uma queda de eficiência na reta final da temporada regular e na pós-temporada. Ainda assim, bateu o Philadelphia Eagles, depois de deixar os visitantes abrirem 14 pontos de vantagem. No duelo pela NFC, ficou o amargor de uma falta descarada não marcada – o que não muda o fato do time ter deixado várias posses em campo sem nenhum ponto anotado.
Draft 2019
A melhor escolha fica por conta de Chauncey Gardner-Johnson, S, Florida. Apesar dos rumores de comportamentos pouco desejáveis no vestiário, por assim dizer, o time conseguiu na quarta rodada um talento que, considerado apenas o futebol americano, poderia ter saído com algumas rodadas de antecedência. A escolha mais questionável, por sua vez, é a de Saquan Hampton, S, Rutgers. Não por ser um valor ruim, mas a secundária do Saints já é robusta e, sejamos sinceros, na sexta rodada poucas coisas podem ser consideradas emocionantes.
2ª rodada (48): Eric McCoy, iOL, Texas A&M
4ª rodada (105): Chauncey Gardner-Johnson, S, Florida
6ª rodada (177): Saquan Hampton, S, Rutgers
7ª rodada (231): Alizé Mack, TE, Notre Dame
7ª rodada (244): Kaden Elliss, LB, Idaho
Free Agency 2019
A free agency do New Orleans Saints procurou reforços pontuais para revestir uma equipe que, em 2018, já se mostrou bastante qualificada dos dois lados da bola. Com a saída de Mark Ingram, o time trouxe Latavius Murray, que deve dividir a carga com Alvin Kamara, embora de maneira menos proeminente que o vencedor do Heisman.
Com a saída de Tyeler Davison, o time foi atrás dos interior defensive lineman Malcom Brown e Sylvester Williams que, ao lado de Sheldon Rankins, prometem ancorar a linha defensiva. Os campeões da NFC South trouxeram, ainda, Jared Cook, visando reavivar a ótima conexão que Drew Brees tem com tight ends, que não deu frutos com Coby Fleener e viveu do (bom e velho) Ben Watson nas últimas temporadas.
Principal reforço: Jared Cook, TE. Um tight end experiente que promete dar uma peça que, em determinados momentos da temporada passada, faltou a Drew Brees. Reforça uma posição carente e municia Sean Payton e seu signal caller.
Principal perda: Max Unger, C. Uma das peças que ancoravam a para lá de sólida linha ofensiva do time, o agora aposentado center funcionava como um dos catalisadores do ataque terrestre do duo Alvin Kamara e Mark Ingram. Fica a ver se Nick Easton, vindo dos Vikings ou a escolha de segunda rodada, Eric McCoy, conseguem dar a estabilidade no miolo da linha.
A máquina depende da sua engrenagem principal – Drew Brees
Dentro das dificuldades inatas sobre escrever prévias para o ataque do New Orleans Saints, temos um norte: o que deu certo na temporada passada, será a base para a temporada que se aproxima. Em primeiro lugar, temos a linha ofensiva: mesmo com a saída de Max Unger, a unidade segue praticamente a mesma – Terron Armstead, Andrus Peat, Larry Warford e Ryan Ramczyk seguem como uma das linhas mais qualificadas na NFL, seja para abrir espaços para Alvin Kamara ou proteger Drew Brees. Essa solidez é um alívio para o torcedor do New Orleans, e um dos motivos pelos quais um expectativa de, no mínimo, uma manutenção de um bom nível ofensivo são perfeitamente razoáveis.
São sucessos de 2018 que servirão de ponto de partida em 2019 dois dos mais versáteis atletas em suas respectivas posições: Michael Thomas e Alvin Kamara. O wide receiver, que renovou contrato hoje, tem um capacidade privilegiada de diagnosticar coberturas e uma química rara com Drew Brees. Thomas deve dominar os targets, e é natural que assim o seja – caso alguém invista pesado em cobri-lo, com coberturas duplas, você dá match-ups e leituras favoráveis para um quarterback que irá para o Hall da Fama.
Alvin Kamara, por sua vez, deve ganhar ainda mais proeminência. Dentro da filosofia ofensiva de Sean Payton, os running backs devem ser capazes de fazer absolutamente todos os papéis possíveis na posição – correr entre os tackles, por fora deles, atuar no jogo aéreo como slot ou vindo do backfield, proteger o quarterback. O camisa 41 certamente se encaixa nessa função, e com a saída de Mark Ingram, Kamara deve tomar ainda mais volume em primeiras e segundas descidas e já que Murray não oferece a mesma habilidade no jogo aéreo que Mark Ingram, é fácil ver um papel aumentado para Kamara.
Claro, há novos rostos. Destaca-se Jared Cook, tight end, que promete reavivar temporadas de 1.000 jardas entre Brees e tight ends. Mesmo trazendo o melhor de Josh Hill e Dan Arnold na temporada passada, Brees encontra em Cook um jogador mais talentoso no jogo aéreo, mesmo não sendo um exímio bloqueador. Tendo em vista que o time contornou a falta de vocação nos bloqueios de Jimmy Graham, não há de se esperar diferente com Cook – além de ser uma mitigação na falta de profundidade do corpo de recebedores.
Naturalmente, todo esse maquinário passa por Drew Brees. Aos 40 anos de idade, o camisa 9 certamente chega em 2019 com as expectativas de um dos releases mais rápidos e precisos da NFL, o que alivia a linha ofensiva na proteção, uma química fora de série com seus skill players e técnico fora de campo e um senso de liderança astronômico. Para que tudo siga funcionando – ou melhore –, é essencial que Brees demonstre o ritmo de meados da temporada de 2018. Por vezes, o time arrefeceu o ímpeto ofensivo e deixou em campo pontos que seriam cruciais para fechar partidas.
Assim, espera-se um ataque competitivo. A diferença entre um bom ataque e um candidato ao Super Bowl fica nas mãos da capacidade intelectual de Payton e Brees em transformar um corpo de recebedores não muito inspirador em ameaças reais na NFC.
Uma defesa completa
Dentro de um elenco equilibrado, a identidade defensiva para 2019 passa pela secundária. Se alinharmos a tendência da NFL contemporânea de ter sempre três cornerbacks em campo ao elenco do New Orleans Saints, a equipe está muito bem amparada. Marshon Lattimore e Eli Apple como cornerbacks um e dois, o errático P.J. Williams e Patrick Robinson na função de nickelback, e Marcus Williams e Vonn Bell como dupla de safeties. Se incluirmos Ken Crawley, Chris Banjo e o recém-selecionado Chauncey Gardner-Johnson, essa secundária ganha uma capacidade adaptativa fundamental na NFL do final dos anos 2010. Dennis Allen conta, aqui, com um plantel qualificado para implementar suas formações com três safeties, utilizar os defensive backs em blitzes, tendo em vista que Lattimore consegue isolar recebedores em marcações homem-a-homem e dão mais liberdade para que os demais defensive backs freiem os ímpetos ofensivos, seja no pacote básico nickel, seja investindo no estilo Los Angeles Chargers com seis defensive backs em campo.
No front seven, a expectativa é a do crescimento do linebacker Alex Anzalone e do edge rusher Marcus Davenport. A contratação de Demario Davis em 2018 foi uma das mais acertadas para essa defesa – o ex-Jet deu estabilidade para um grupo posicional que não era exatamente o destaque da equipe. Assim, Anzalone e sua conhecida explosão e capacidade de cobrir grandes fatias do campo conseguiram destaque e, ao lado de Davis, fizeram da defesa terrestre dos Saints uma força a ser batida. As expectativas para 2019 são, certamente, positivas.
No pass rush, a saída de Alex Okafor monta o palco para Marcus Davenport. Com um ano de ajustes para lá de finos na sua natureza atlética fora de série, a escolha de primeira rodada de 2018 teve momentos que fizeram jus à alta escolha no pass rush, mas seu destaque foi na contenção ao jogo terrestre. Espera-se que ele seja uma força mais constante no pass rush, ao lado de Cameron Jordan que segue sendo um dos nomes mais subestimados da NFL. No miolo da linha defensiva, o crescimento de Sheldon Rankins é notável. Uma força no jogo terrestre e pass rush, o defensive tackle ganha dois experientes nomes para entrar na rotação – Malcom Brown e Sylvester Williams.
Um elenco bastante sólido, completo e com poucas mudanças bruscas. Certamente o time poderá se apoiar na defesa em momentos de dificuldade do ataque, e rechaçar o período de defesa frágil que forçava Drew Brees a anotar 45 pontos por partida há quatro, cinco anos atrás.

O que mudou na Intertemporada? O New Orleans Saints tem o trunfo da estabilidade, tanto no plantel quanto no aspecto técnico. As boas notícias ficam por conta da defesa, que, mesmo com poucas escolhas no Draft, trouxe profundidade, opções na linha defensiva e promete um salto na temporada que se aproxima.
Aspecto tático: Alvin Kamara e Michael Thomas são as chaves para destrancar qualquer defesa. Pela versatilidade dos dois skill players, alinhá-los em determinadas posições, fazer movimentações antes do snap, você municia Drew Brees com informações que permitem que ele continue fazendo o que faz de melhor: diagnósticos rápidos e um release veloz e punitivo para qualquer defesa que expuser suas coberturas e marcações.
Jogo mais importante: Semanas 10 a 13. Quatro partidas contra rivais de divisão, recebendo os Falcons e Panthers e visitando Buccaneers e Falcons. Define a situação da NFC South para o time da Lousiana.
Pergunta a ser respondida: O time tem o que precisa para o Super Bowl LIV? É o grande questionamento depois de dois anos consecutivos engasgando na semifinal e na final da NFC. Com um elenco qualificado dentro de uma conferência competitiva e uma divisão mais forte ainda, qual o salto que a equipe precisa dar para ser um inconteste contender? Quais os erros de eficiência que minaram o time contra o Los Angeles Rams devem ser corrigidos, evitados e melhorados? É a missão de Sean Payton e Drew Brees para a temporada que se aproxima.
2019: O que você precisa saber! As bases do elenco se mantiveram, mas qual impacto terão os quarenta anos de Drew Brees na temporada que se aproxima? Manterá o altíssimo nível sem piscar, à la Tom Brady, ou se perceberá uma queda? É o ano do all-in – manter o ataque na última marcha apoiados por uma sólida defesa para chegar ao Super Bowl LIV, sem reincidir nos erros do passado recente.
Com a batata assando: Sean Payton, head coach. Não que a corda esteja curta para a mente ofensiva, mas a janela de Drew Brees está fechando para chegar ainda em alto nível ao segundo anel. Payton sempre demonstra sua criatividade, mas precisa, em 2019, chegar ao maior palco do futebol americano para que as gerações futuras não se perguntem “como um dos maiores quarterbacks da história só chegou a um Super Bowl?”
TEXTOS SOBRE O TIME QUE FORAM ESCRITOS APÓS O SUPER BOWL
Saints renovam com Michael Thomas por recorde para um não-QB
🎙️ 155: O ataque dos Saints é subestimado
Draft: Saints usam suas poucas escolhas com inteligência
Previsão para 2019
O desafio da NFC South é gigantesco. Carolina Panthers e Tampa Bay Buccaneers chegam repaginados para a temporada, e disputam de igual para igual o título da divisão com o time da Louisiana. Considerando as difíceis partidas fora de casa até a bye week – Rams, Seahawks, Jaguars e Bears –, o time precisa vencer duas delas para ser um contender na NFC. Pós-bye, uma sequência de quatro jogos intradivisionais selam o destino da equipe em 2019. Dentro de um calendário difícil, a qualificada equipe dos Saints deve alcançar 10 vitórias, uma vaga na pós-temporada e a promessa de ir longe na NFC.
LEIA TAMBÉM: Prévias de temporada
Prévias 2019: A última chance de Marcus Mariota
Prévias 2019: Deshaun Watson sobrevive à sua péssima linha ofensiva?
Prévias 2019: Nick Foles era a peça que faltava para os Jaguars?
Prévias 2019: Ano decisivo para técnico e Matt Ryan
Prévias 2019: A empolgação com os Browns é justificável?
Prévias 2019: A reconstrução dos Bengals começa em 2019
Prévias 2019: Josh Allen tem capacidade de dar o próximo passo?





