4 Descidas: Voltou a Dinastia, Apocalipse de Gruden e Cairo cortado dos Rams

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos e não mais que 3000 palavras (ou quase… Às vezes vai passar). Para ler o índice completo da coluna, clique aqui.


1st and 10: Adivinha quem voltou?

[dropcap size=big]P[/dropcap]ara começar os trabalhos, a Conferência Americana. Para variar, temos o New England Patriots no topo. Não da classificação, é bem verdade – o Kansas City Chiefs, derrotado no último domingo à noite, segue com a melhor campanha. Mas dá para dizer que os Patriots, de novo, não são o time a ser batido na AFC?

A exemplo do que escrevi sobre o Seattle Seahawks na noite de sábado, os Patriots operam em modo “Opala 78”.  Se você quiser ler sobre os Seahawks, aqui o texto exclusivo de nossos assinantes.

Seahawks e Patriots “sofrem” do mesmo mal e do mesmo bem por vários motivos. A diretoria dos dois times não costuma ser complacente com jogadores não-quarterbacks no que tange à renovação salarial. Russell Wilson e Tom Brady são imunes a isso, mas se um outro chorar, é cortado.

Como efeito, os dois times acabam substituindo esses cortes/não-renovações com a escalação de jogadores jovens – muitas vezes, escolhas de terceira rodada, quarta e daí em diante. Ocorre que o jogo no college está longe de ser parecido com o da NFL em vários aspectos. Natural que a adaptação desses atletas demore um pouco.

E, mesmo quando a substituição é feita por outro veterano, a química não é instantânea. A carga de trabalho/treinos na temporada regular é muito mais forte do que na intertemporada. Daí o efeito “Opala a álcool”: demora até que esses dois times, bem treinados, façam coisas boas numa dada temporada.

No meio tempo, a crise. Os “Acabou a Dinastia”, os “Vestiário dos Seahawks está rachado” e conexos. Dito isso – evidenciado por campanhas anteriores dos times times – falemos agora especificamente de New England.

Ontem foi o melhor jogo, ofensivamente falando, do New England Patriots. A equipe anotou 43 pontos numa defesa fraca, é bem verdade, mas tudo clicou. Na 200ª vitória da carreira de Tom Brady, foram 340 jardas aéreas e até um touchdown terrestre. O curioso? Ele teve 182 jardas passadas no último quarto e “apenas 158” nos outros três quartos.

Parece estranho, mas é para ser assim mesmo. Os Patriots usaram Brady/Gronkowski, conforme evidenciado pelo passe derradeiro da partida, como a estaca no coração da defesa do Kansas City Chiefs. Por três quartos, correram bem com a bola para a defesa não esperar o passe. No último quarto, com a fraca unidade já cansada, veio o golpe de misericórdia. Durante a partida, no play action, Brady teve 13-15 para 167 jardas. Fatal.

Do outro lado, conforme o Gabriel já escreveu, Kansas City foi até onde sua defesa permitiu. Com o ataque pontuando rápido nos minutos derradeiros, sobrou tempo demais para uma unidade cansada e limitada. Haverá revanche dos Chiefs nos playoffs, muito provavelmente. Resta saber: no Arrowhead ou no Gillette Stadium? Seja como for, os Patriots voltaram a ser o time a ser batido na Conferência Americana.

 

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Nosso podcast da última semana:

Era esperado que Patriots vs Chiefs fosse um confronto “para a história” e de fato aconteceu. Aparte de estatísticas que os americanos amam – foi o primeiro 43 a 40 da história da liga – ou coisas do gênero, foi um jogo com quase tudo o que um fã de ataques quer. O time com a última posse acabou vencendo.

Mas não falamos apenas sobre o principal jogo da semana. No dia seguinte, Aaron Rodgers aprontou de novo – desde 2017, são 12 touchdowns e nenhuma interceptação em último período. Conservadores com C.J. Beathard no comando, os 49ers nada puderam fazer.

Além dos dois jogos mais impactantes, um grande recap da rodada comigo, Curti, e Eduardo Miceli no podcast de futebol americano mais ouvido do leste do Tratado de Tordesilhas.

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2nd and 7: A implosão em Oakland

É difícil tentar entender o que acontece no Oakland Raiders sem uma visão macro da situação. Ainda mais difícil porque o que está acontecendo não tem sequer um precedente recente na NFL.

Jon Gruden recebeu, praticamente, um contrato de treinador de college football: 10 anos, 100 milhões. Não temos como saber a forma pela qual esse dinheiro estará distribuído nesses próximos 9 anos e tantos meses, mas fato é que é muita grana e certamente parte dessa bolada é garantida. Ou seja: os Raiders estão reféns do #pojeto de Jon, seja ele qual for.

Muito se fala que é boato o fato de que Gruden tem o real comando do time. Ora, fosse assim, o Draft não teria sido do jeito que foi – em outras palavras, completamente diferente do que Reggie McKenzie vinha fazendo. McKenzie, no papel o general manager, é uma gigantesca Rainha da Inglaterra em Oakland. Da mesma forma que Howie Roseman era em Philadelphia nos anos finais da Era Chip Kelly. Não foi Roseman o pivô na troca de LeSean McCoy ou em drafts bizarros: era Kelly.

Da mesma forma, quem trocou Mack foi Gruden – é mais do que óbvio que McKenzie, o cara que lhe draftou em 2014 no topo da primeira rodada, nada teve a ver com isso. Afinal: o que Jon Gruden quer?

Ora, é simples. Os 10 anos e 100 milhões de dólares lhe dão carta branca para fazer o que bem entender. Com esse dinheiro todo, Oakland/Las Vegas é refém das vontades, mandos e desmandos do treinador. Ele é o primeiro-ministro. Há uma Rainha. Há Mark Davis, o dono. Mas quem manda é ele.

Gruden tem como ideia, suponho, se livrar de jogadores que não gosta e repô-los com peças futuras no topo de drafts. Para ter essas peças, precisa ter poucas vitórias na temporada – e, por tabela, tankar. É o que vem acontecendo. Um milagre e apenas um milagre impede que o time esteja no topo do próximo Draft.

Adivinha qual a maior força da próxima classe? Os jogadores de linha defensiva. Justamente o que os Raiders precisarão para repor o pífio pass rush pós-Mack. Basicamente, Gruden tem um escudo gigante para a Operação Tank: o time vai mudar de cidade e não precisa se importar com o público não indo ao Coliseu de Oakland para ver os jogos. Ainda, a questão do contratão.

Isso gera o cheque em branco. Vai dar certo e os Raiders terão um substituto a altura de Mack? Não dá para saber. O Draft está longe de ser uma ciência exata. A franquia pode voltar ao esquecimento que esteve por boa parte do século ou a situação dar muito certo, aos moldes dos Cowboys do final dos anos 1980 – na ocasião, Jerry Jones e Jimmy Johnson tankaram violentamente, trocaram o principal jogador (Hershell Walker, running back) e capitalizaram depois por meio de bons Drafts.

Gruden fez um bom Draft? Difícil dizer. Kolton Miller não era escolha de primeira rodada, mas também não vinha jogando mal como jogou contra Seattle – ele teve uma lesão no joelho, o que comprometeu sua capacidade de lidar com apressadores de passe mais pesados (coisa que ele já não era tão bom saindo de UCLA). Arden Key e Mo Hurst são gratas surpresas – eram jogadores de primeira rodada que caíram no Draft pelos mais variados motivos e os Raiders se aproveitaram.

Dizer que isso vai continuar a dar certo é impossível.  Esse é o ponto: é arriscado e incerto. Com certeza, posso dizer: será sofrido.

3nd and 3: Desisto de acreditar no Tennessee Titans

Sabe aquele relacionamento que vai e vem, que você dá várias chances para a pessoa e o negócio não anda? É como eu me sinto com o Tennessee Titans. Juro: eu realmente acreditava que a coisa ia andar nesta temporada. Afinal de contas, Matt LeFleur, ex-técnico ofensivo no Los Angeles Rams, chegou para coordenar um ataque que ficava preso na primeira marcha.

Contexto para entender a decepção: os Titans, até ano passado – e em toda a Era Marcus Mariota – executavam um plano de jogo ofensivo totalmente voltado para o jogo terrestre. É o que se chama de “Smashmouth Football”. Não fazia muito sentido na medida em que Mariota foi um dos grandes quarterbacks de spread offense nesta geração do college football. Sendo assim, seria como usar uma calça que não serve em você. Ou comer uma refeição que lhe dá alergia.

Da mesma forma que um time é construído (também) em função das dimensões do campo no beisebol, um time na NFL tem que ser construído em função do quarterback. Tennessee jogou esse preceito pela janela e vimos no que deu.

A chegada de LaFleur, em tese, ajudaria isso. Ele viu de perto o que Sean McVay fez na carreira de Jared Goff: uma vitaminada quase que sem precedentes. Os Rams da Era Jeff Fisher eram o time com menos pontos por jogo. Tornaram-se o com mais pontos por jogo.

Daí o porque tudo isso ser estranho. Chega o ponto que não dá mais para “passar pano” para Mariota. Ele também tem culpa nessa oscilação. Não ir em profundidade como deveria, por exemplo, é algo na conta. Ainda: eu sei que Delanie Walker, o tight end (e um subestimado tight end, vale lembrar), está machucado e o time sofre na red zone por conta disso. Mas não é esse o problema, né?

Os Titans seguem oscilando e só Deus sabe até quando. Ao menos um sinal amarelo para a performance de Mariota podemos colocar – por mais que tenha havido 11 sacks em cima dele. Foram só 106 jardas de ataque. Ta tudo muito errado nessa unidade. Do coordenador ao quarterback.

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4th and 1: O esperado e inevitável corte de Cairo

“Obrigado aos Rams pela oportunidade de substituir [Zuerlein] nas duas últimas partidas! Foi muito especial e divertido trabalhar com alguns dos melhores no esporte. Feliz de voltar ao jogo pronto e ajudar vocês a manter a invencibilidade! Também feliz de ver “Greg The Leg” saudável. Bora pra próxima”.

Nota rapidinha aqui. Cairo Santos foi cortado pelo Los Angeles Rams e, bem, isso era esperado. Cairo estava substituindo Greg Zuerlein, um dos melhores da NFL na posição – e como Zuerlein não está mais machucado e nenhum time carrega dois kickers no elenco, Cairo acaba sendo dispensado.




No jogo contra o Seattle Seahawks, deu para perceber nos primeiros kickoffs que a força na perna de Cairo não parecia ser a mesma dos tempos de Kansas City. Ao menos, não foi como ano passado – claramente teve problemas enquanto estava nos Bears.

Agora, desde que esteja saudável, pode ser uma peça importante para alguma equipe ao longo da temporada. Não sei até que ponto ele está saudável para chutar além de 50 jardas, por exemplo, mas certamente é preciso para abaixo de 50. Então, como vira e mexe tem kicker jogando mal e conexos, a oportunidade dele estar num time ainda em 2018 existe.

Claro: Não é preconceito com ele ser brasileiro, como vi algumas pessoas sugerindo no Twitter. Há um extenso histórico de chutadores – seja kicker, seja punter – não-americanos. Martin Gramática, argentino, teve longa carreira na NFL por exemplo. Acho que o que pega para ele não ter time (ainda) é a questão da lesão na virilha, que costuma ser problema na força da perna. Os times podem estar apreensivos quanto a isso, dada a necessidade de um chutador com força para os kickoffs.

Vejamos o que rola e, claro, torceremos pelo Cairo. Não por ser brasileiro tão somente, mas já tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e é um ser humano fantástico e super humilde. Merece todas as oportunidades do mundo.

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