[dropcap size=big]A[/dropcap] Free Agency está oficialmente aberta desde a última quarta-feira, portanto a maioria absoluta dos melhores agentes livres já arrumou um novo time para 2018 – na verdade, muitos já haviam fechado acordos antes mesmo do mercado abrir.
Ainda restam alguns poucos nomes de peso disponíveis, porém, baseado no que vimos até agora, já é possível tirarmos conclusões sobre o desempenho das franquias, separando as que se deram bem e as que se deram mal na primeira onda de negociações e movimentações de atletas. Assim, preparamos um texto ao estilo vencedores e perdedores da Free Agency 2018.
Sem enrolação, vamos direto ao que interessa.
Vencedores
Chicago Bears: Em um mercado absurdamente inflacionado na posição de wide receiver, Chicago merece os parabéns por ter conseguido fechar um acordo racional com Allen Robinson. Embora ainda não saibamos detalhes como valores garantidos, bônus de assinatura etc., informações dão conta que o novo vínculo será de 3 anos e 42 milhões de dólares, uma verdadeira pechincha considerando, por exemplo, os 40 milhões que Washington pagou para Paul Richardson (cinco anos) ou o contrato de 24 milhões recebido por Albert Wilson em Miami (três anos). Sim, Robinson está se recuperando de um ligamento rompido no joelho, mas é um jogador infinitamente mais talentoso do que os dois citados acima, era o melhor recebedor disponível na Free Agency e tem potencial para ainda ser um dos melhores da NFL. Todo mundo deve se lembrar da temporada de 1400 jardas e 14 touchdowns que o wide receiver teve com os Jaguars em 2015, não é mesmo?
Ademais, os Bears também merecem elogios por terem dado novas armas para Mitchell Trubisky. Além de Robinson, a franquia assinou com o versátil tight end Trey Burton (quatro anos, 32 milhões) e com o velocista Taylor Gabriel (4 anos, 26 milhões). Ambos não são superestrelas, porém ajudarão a dar uma nova vida a um dos ataques menos empolgantes de 2017. Chicago é indubitavelmente um time que está mais forte hoje do que há uma semana e isso é o mais importante de tudo.
Philadelphia Eagles: Philadelphia era uma das equipes com menos espaço livre no salary cap, logo todo mundo pensava que os atuais campeões do Super Bowl perderiam atletas importantes e seriam discretos na Free Agency. Ao invés disso, os Eagles deram um jeito de ficar com o elenco ainda mais forte, sobretudo na defesa. Primeiro veio a aquisição de Michael Bennett após uma troca com Seattle. Depois, o acordo com os Panthers, que rendeu o cornerback Daryl Worley em troca de Torrey Smith. Em seguida, a contratação de Haloti Ngata (um ano, 3 milhões) e, por fim, a renovação com Nigel Bradham (cinco anos, 40 milhões).
É incrível ver o trabalho feito por Howie Roseman com teoricamente tão pouca margem de manobra. Além de evitar o desmanche do time, o general manager fez Philadelphia ser ainda mais temido. Isso só foi possível graças à restruturação do contrato de jogadores caros e importantes.
Minnesota Vikings: Sem exageros, Kirk Cousins talvez fosse o agente livre mais desejado desde que Peyton Manning chegou ao mercado em 2012, então Minnesota merece ser reconhecido como um dos grandes vencedores da Free Agency por ter superado a forte concorrência de Broncos, Cardinals, Jets, Bills etc. Agora, se vai dar certo ou não e se Cousins fará jus aos 84 milhões totalmente garantidos que recebeu é outra história. A franquia fez uma aposta muito interessante e ao mesmo tempo muito arriscada. Daqui a um ou dois anos saberemos se foi uma vitória real ou uma vitória de Pirro.
Jacksonville Jaguars: A saída de Allen Robinson sem dúvida é uma baixa considerável, mas Jacksonville já mostrou em 2017 que é possível sobreviver sem o recebedor, o qual perdeu praticamente toda a temporada passada com uma lesão no joelho. Por outro lado, a contratação de Andrew Norwell foi excelente. Não saiu barato (66,5 milhões, cinco anos), contudo foi o preço certo a ser pago pelo melhor offensive lineman disponível, mesmo porque ele estava sendo procurado por várias outras franquias. O guard tem tudo para deixar o já produtivo ataque terrestre dos Jaguars ainda mais poderoso.
Além disso, vale destacar também a manutenção de Marqise Lee, embora o valor tenha sido salgado (34 milhões, quatro anos) – lembre-se que o mercado de recebedores está mega inflacionado. Por fim, a equipe assinou com o tight end Austin Seferian-Jenkins (10 milhões, dois anos) e o wide receiver Donte Moncrief (sete milhões, um ano). Ambos nunca explodiram na NFL, seja por problemas físicos ou questões extracampo, mas são jovens, têm potencial de crescimento e valem a aposta – sobretudo Seferian-Jenkins, que chega para ocupar uma posição carente no elenco.
San Francisco 49ers: San Francisco é uma das equipes que mais adicionaram talento ao plantel até agora. Em primeiro lugar temos a aquisição de Richard Sherman e o seu vínculo para lá de amigável – 21,5 milhões por três anos, à primeira vista bem pouco para alguém eleito três vezes first-team All-Pro. Prestes a completar 30 anos e vindo de uma lesão no tendão de Aquiles, o jogador aceitou um contrato no qual boa parte da remuneração virá através de bônus por metas atingidas e dinheiro não garantido. Ou seja, os 49ers estão resguardados caso Sherman não repita o desempenho dos tempos de Seahawks. No final das contas, o cornerback pode se transformar em um belo steal.
Além de Sherman, a franquia também trouxe Jerick McKinnon (30 milhões, quatro anos) e Weston Richburg (47,5 milhões, cinco anos). O primeiro é um running back subestimado, o qual sempre correspondeu quando os Vikings precisaram dele. Dinâmico e produtivo recebendo passes, McKinnon pode ser um novo Tevin Coleman no ataque de Kyle Shanahan. Já Richburg é uma boa opção em um mercado onde centers titulares são escassos. Ele tem um histórico um tanto preocupante de lesões, mas não costumava deixar os Giants na mão enquanto estava em campo.
Perdedores
New York Giants: Por que assinar com um running back de 31 anos com histórico recente de lesão e que está na fase descendente da carreira? Sério, não fez sentido. À parte o histórico com Dave Gettleman e Mike Shula nos Panthers, não existe explicação para a contratação de Jonathan Stewart pelos Giants. Sim, running back era uma necessidade, mas era possível conseguir alguém mais jovem e melhor na própria Free Agency (ou no Draft), sendo que o veterano nem foi tão barato assim (6,9 milhões, dois anos). Se Stewart fosse pelo menos uma daquelas contratações que as franquias fazem em julho/agosto para completar o elenco seria mais razoável.
Ademais, outra movimentação não tão vantajosa, dessa vez do ponto de vista financeiro, foi Nate Solder. Neste caso, New York foi vítima do mercado. Eles precisavam urgentemente de um novo left tackle e Solder era o único confiável o bastante para chegar e ser titular. O resultado foi um overpay gigantesco, o qual transformou o ex-atleta dos Patriots no offensive lineman mais bem pago da liga (62 milhões, quatro anos). Solder é um bom left tackle, mas não é elite na sua posição e não merecia ganhar como tal. Vale lembrar que ele está prestes a completar 30 anos, nunca foi eleito ao Pro Bowl e chegou inclusive a pensar em aposentadoria recentemente. Em todo o caso, se os Giants não pagassem, alguém iria pagar, então isso ajuda a justificar.
De resto, o maior destaque vai para a chegada de Alec Ogletree, após uma troca com os Rams. Ele é um ótimo linebacker, mas custou duas escolhas no Draft, então é preciso esperar para saber se valerá a pena.
Seattle Seahawks: É simples: Seattle sofreu um desmanche de talento e até agora não conseguiu chegar nem perto de repor. Por exemplo, Richard Sherman, Michael Bennett, Sheldon Richardson, Jimmy Graham e Paul Richardson (todos titulares em 2017) já foram embora. Por outro lado, a única movimentação relevante feita pela equipe foi renovar com o safety Bradley McDougald (13,5 milhões, três anos). Os Seahawks parecem realmente ter entrado em modo de reconstrução e por enquanto ela não vem sendo muito animadora.
Miami Dolphins: Sabíamos que a situação estava difícil em Miami por conta da folha salarial apertada, mas pouca gente vislumbrava o mini-apocalipse enfrentado pela franquia até agora. Os Dolphins precisaram se desfazer de alguns dos seus maiores talentos para equilibrar as finanças, como Jarvis Landry (trocado com os Browns) e Ndamukong Suh (dispensado). O corte de Suh, porém, foi bizarro, pois resultou em 22 milhões de dead cap. Isso mesmo, Miami está gastando 22 milhões com alguém que não está mais no time. Para completar, o center Mike Pouncey foi dispensado depois de pedir para sair.
Por outro lado, pensando nas contratações, as coisas estão igualmente controversas. Em primeiro lugar, a equipe investiu em dois slot receivers: Albert Wilson (24 milhões, três anos) e Danny Amendola (12 milhões, dois anos), oferecendo um contrato mais do que generoso para Wilson, um recebedor na melhor das hipóteses mediano. Repor a saída de Landry era preciso, mas é estranho fechar com dois atletas tão parecidos, ainda mais sendo um deles um claro overpay. Em seguida, Miami trouxe dois veteranos via troca: o center Daniel Kilgore (49ers) e o defensive end Robert Quinn (Rams). Ambos parecem estar na fase descendente da carreira e Quinn, para piorar, possui um salário bem alto – o segundo maior do time, precisamente.
Inquestionavelmente boa mesmo até agora só a manutenção de William Hayes, um defensive end que ajuda muito a defesa. Enfim, a intertemporada vem sendo bastante confusa para os Dolphins por enquanto.
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