Rams 1999: Como um ataque mudou todos os outros para sempre

O ataque planejado por Mike Martz e liderado em campo por Kurt Warner revolucionou a NFL

Logo no terceiro ano assistindo NFL, tomei meu primeiro choque. Acostumado ao tradicional ataque do Denver Broncos, campeão das duas temporadas anteriores, fiquei eletrizado em 1999 ao ver algo muito diferente: o esquema ofensivo do St. Louis Rams.

Numa época em que o jogo corrido e a formações mais fechadas como as i-formation dominavam a liga, o coordenador ofensivo Mike Martz ousou com um ataque que abusava dos passes, usava quatro wide receivers e ainda tinha um running back que contribuía muito como recebedor. O impacto foi tão grande, que a partir daquele momento resolvi estudar o jogo e entender melhor a parte tática.

Um improvável quarterback foi a chave

Se você dissesse no começo de 1999 que Kurt Warner seria o MVP da temporada, alguém mediria sua febre. Um reserva não-draftado, com 11 passes na carreira: esse era seu histórico. Mas com a lesão do então titular Trent Green na pré-temporada, Martz conseguiu convencer o head coach Dick Vermeil que conseguiria ter sucesso com Warner. O coordenador viu em Warner um cara capaz de ser preciso o suficiente para executar os lançamentos longos que o sistema precisava.

Ao contrário do que se pregava na época, Martz ignorou a famosa máxima de que era necessário estabelecer o jogo corrido, para então passar. Ele entendeu que adicionando velocidade em campo aberto teria vantagem contra as defesas acostumadas a jogar próximas à linha de scrimmage, com o sistema “zone dog blitz” do histórico coordenador defensivo Buddy Ryan como base. Isso não quer dizer que o time abriu mão de correr com a bola, apenas entendeu que precisava abrir espaços para isso. O resultado? O running back Marshall Faulk teve 1381 jardas terrestres, sendo o quinto na liga naquele ano.

Espalhar o campo era a premissa e isso mudou as coisas na NFL

A adição do wide receiver Torry Holt no Draft, para jogar ao lado de Isaac Bruce, e a troca com o Indianapolis Colts por Faulk foram fundamentais. Martz não pensou duas vezes em ousar e colocar em campo quatro wide receivers e mais um running back muito bom recebendo a bola. Com isso, ele obrigava a defesa a se espalhar. O grande X da questão aqui é que não existia personnel (grupo) defensivo adequado para defender isso na época: os times não tinham um nickel corner preparado e muitas vezes essa cobertura cabia ao strong safety. O quarto recebedor, não raro era coberto por um linebacker. Ou seja, uma máquina de confrontos favoráveis para o ataque.

Repleto de rotas longas, com double moves e quebras depois de mais de 20 jardas, o sistema era algo até então inédito e as defesas não encontravam respostas. Caso cobrissem o fundo, alguma rota curta ou mesmo um passe para Faulk ganhasse jardas depois da recepção eram constantes. Dessa forma, as blitzes foram sumindo e a boa linha ofensiva foi cada vez mais tendo sucesso protegendo Warner em seus dropbacks de sete passos ou abrindo espaços para as corridas.

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Mais que um Super Bowl, um legado

Com muitas armas, como Bruce, Holt, Faulk, Ricky Prohel e Az-Zahir Hakim, coube a Warner distribuir o jogo e ser a época o segundo quarterback na história com mais de 40 passes para touchdown em uma temporada (apenas Dan Marino tinha conseguido tal proeza). O ataque teve média de quase 33 pontos por jogo e foi um sucesso absoluto. A coroação viria em janeiro de 2000, com a vitória sobre o Tennessee Titans no Super Bowl XXXIV.

Mas a verdade é que Super Bowls vários equipes conquistaram. Os Rams de 1999 conseguiram algo mais: deixar um legado, que até hoje é visto em campo. O jogo de passe ganhou maior importância. As formações com mais recebedores (com eles espalhados), os running backs recebedores, tudo isso vem de lá. As defesas se ajustaram, a formação nickel, que hoje é base da NFL, começou a se difundir nesse momento. Depois do “The Greatest Show on Turf” – forma como esse ataque ficou conhecido – a NFL nunca mais foi a mesma.

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