Já não é mais exagerado de início de temporada. Hoje, podemos atestar: o Baltimore Ravens é a grande decepção da NFL em 2025. É um início desesperador para uma equipe que foi cotada como franca favorita ao título há poucas semanas e vê tudo ruir diante de seus olhos. Os pequenos detalhes fazem a diferença nesta liga – e os Ravens estão sentindo isso na pele.
A proposta aqui não é apenas criticar Baltimore, mas realizar uma anatomia do caos para entender como o castelo desmoronou. Em um cemitério recheado de corvos, seria fácil jogar as migalhas, porém, não é este nosso objetivo. Ademais, ainda há muita temporada para rolar até dezembro e há talento demais nesta equipe para contá-los como mortos antes do apito final.
Fim de ciclo?
John Harbaugh está há 18 anos no comando da equipe; neste tempo, conquistou um título e fez de Baltimore uma equipe vencedora e de constante ameaça na AFC. Dessa forma, seria demagogia vir aqui apenas crucificá-lo pela temporada. No entanto, as vaias dos torcedores, as seguidas quedas em pós-temporada e os consecutivos erros de performance neste ano apontam para a mesma direção: fim de ciclo.
WATCH: Ravens end painful 44-10 loss to Texans as John Harbaugh hears boos off the field. pic.twitter.com/5y2LJxabKg
— Morgan Adsit (@MorganAdsit) October 5, 2025
Os Ravens são uma completa bagunça dentro de campo. A defesa, outrora fortaleza histórica da franquia, é a pior da NFL em pontos cedidos, o ataque caiu de produção e as derrotas em partidas disputadas seguem acontecendo. É inegável que Harbaugh perdeu o controle do time, degringolando no tenebroso início.
Uma demissão, por ora, sequer deve ser cogitada, afinal, Baltimore assinou renovação trienal com John na última temporada. Todavia, seu assento está esquentando e ele está diante da missão mais caótica de sua carreira.
Derrick Henry: quem é rei perde a majestade?
É um ano atípico. Desde que começou a ascender aos mais altos patamares, em 2019, Henry nunca havia anotado uma sequência de três jogos consecutivos postando menos de 60 jardas terrestres. Neste ano, já são quatro jogos em sequência. Sem ele bem, o ataque de Baltimore perde muita eficiência.
A queda de produção de Henry passa por uma soma de fatores. Problema de playcall ofensivo, redução de carga e alteração de filosofia. No que tange a Todd Monken, vejo Derrick sendo utilizado quase que unicamente em primeiras descidas óbvias de corrida no início das partidas, facilitando as leituras defensivas e removendo o elemento de incerteza que faz o running back ser letal. Além disso, estamos vendo-o fora de campo em qualquer descida que mais longa, o que está facilitando o trabalho defensivo na leitura das chamadas. Não são poucas as 2&7 em que Henry dá lugar a Justice Hill.
Isso não poderia ser um movimento isolado, mas aparenta ser uma mudança de filosofia. Em 2024, Baltimore foi o segundo time que mais correu com a bola (54% dos snaps); neste ano, esse número caiu para 42% (fora do top-15), já contabilizando a partida contra Houston, na qual foi forçado a correr mais por não contar com Lamar Jackson.
Henry é um running back espetacular, mas a obviedade e a baixa carga permitem que ele seja anulado. Se os Ravens sonham em retomar o poderio ofensivo de 2024, precisam voltar a envolvê-lo melhor no jogo, ainda mais se não puderem contar com Lamar nesta semana.
A pitada de azar – mas não só isso
Não preciso gastar linhas dizendo que a sorte de Baltimore seria diferente se houvesse um número menor de nomes em sua lista de lesionados. Poucas equipes são capazes de superar as ausências de tantos jogadores talentosos, como Lamar Jackson, Roquan Smith, Nnamdi Madubuike, Kyle Hamilton, etc.
Ainda assim, tais ausências evidenciaram as fraquezas dos dois lados da bola. Os sistemas, principalmente do lado defensivo, não se sobrepuseram aos atletas e custaram jogos aos Ravens. Os problemas não se limitaram apenas à derrota contra Houston, afinal de contas. A impressão que fica é que Baltimore é um time incapaz de demonstrar respostas mediante às adversidades, algo que o San Francisco 49ers vem demonstrando neste ano, por exemplo.
Times considerados candidatos ao título precisam encontrar formas de juntar os cacos. Baltimore precisa se reencontrar rapidamente.
Há salvação?
Se há um pequeno alento ao torcedor, a baixa competitividade na AFC North permite à franquia sonhar com a recuperação na temporada. O Cleveland Browns não tem um ataque competente, a lesão de Joe Burrow matou o ano do Cincinnati Bengals e o Pittsburgh Steelers (ainda) não transparece confiança. É possível conquistar uma retomada dentro da divisão, já que uma vaga via wild card seria bem mais complexa.
A margem para falhas, contudo, é cada vez menor e o próximo desafio é delicado: Los Angeles Rams. Se algo pode confortar a franquia é que, logo após esse embate, há sua bye week e o calendário torna-se muito mais aprazível. Saem os duelos contra desafiantes ao título e entram confrontos contra equipes mais “fáceis”.

O problema, contudo, é que Baltimore não será capaz de dominar essas partidas com todos os erros demonstrados acima. Sim, o retorno de Lamar será essencial e seu nível de jogo neste ano se mantém de excelência. Ainda assim, ele precisará de ajudar para escalar tão grande muralha.
Baltimore tem plenas condições de realizar esse grande feito, amparado em seu histórico quarterback e em seus excelentes jogadores. Para isso, contudo, precisa buscar a perfeição inexistente em 2025. É a hora de buscar a ordem em meio ao caos.
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