No dia em que o tampering (negociação entre equipes e agentes de jogadores) ficou oficialmente permitido na liga, duas equipes anunciaram contratações de bastante peso na linha defensiva: o Baltimore Ravens, que, além da manutenção de Matthew Judon por meio da franchise tag, trocou por Calais Campbell e assinou com Michael Brockers, e o Philadelphia Eagles, que pelo segundo ano consecutivo investiu pesado num interior de linha defensiva e adicionou Javon Hargrave ao seu elenco.
O exemplo do San Francisco 49ers na última temporada mostrou que rechear a linha defensiva de bons jogadores nunca é demais. O time da Califórnia chegou ao Super Bowl e, não fosse pela mágica de Patrick Mahomes, teria saído como campeão – tudo isso tendo como principal fortaleza do time uma linha defensiva composta de jogadores talentosos em todas as posições, fosse no extremo, fosse no interior. Nos títulos mais recentes das franquias (Ravens em 2012, Eagles em 2017), um front seven potente esteve por trás das ótimas campanhas. No texto de hoje, faremos uma análise das adições e tentaremos dar um panorama rápido sobre seu peso na folha salarial das equipes.
Baltimore Ravens: (ainda) mais agressividade para Don Martindale
Durante a campanha dos Ravens nos playoffs, falamos sobre como Don Martindale, coordenador defensivo da equipe, era de longe o assistente que mais enviava blitzes em toda a liga, com uma porcentagem superior à 50% dos snaps ao longo da última temporada regular. Sabemos que a pós-temporada terminou cedo para Baltimore, embora os princípios fossem interessantes.
O time não esteve no topo da lista de mais sacks, com apenas 36 somados, porém, foi um dos que mais derrubou quarterbacks, com 59 derrubadas após o adversário lançar a bola. O principal pass rusher do time era Matthew Judon, que acumulou 9,5 sacks e estava a caminho de atingir a free agency; diferente do ano passado, quando o time deixou Za’Darius Smith atingir o mercado – e este teve um 2019 fenomenal junto do Green Bay Packers -, os Ravens não deixaram o melhor jogador de seu front seven sair.
Agora, vale lembrar que Baltimore possui uma vantagem importantíssima em relação à outros times: seu quarterback titular ainda está num contrato de calouro, o que permite que a equipe possa investir com mais força em outras posições de modo a capitalizar na janela de título. Por conta disso, o time pôde fazer dois outros movimentos bastante importantes: trocou uma escolha de quinta rodada por Calais Campbell, um ótimo pass rusher cujo contrato era um peso na folha salarial de Jacksonville, e assinou com Michael Brockers num contrato de 3 anos e 30 milhões de dólares de duração total.
Os cinco maiores contratos na folha salarial dos Ravens em 2020 são de jogadores defensivos, com os dois primeiros sendo de Judon, que atuará como EDGE, e Campbell, que será um defensive end no esquema 3-4; Brockers também deve atuar nessa posição do lado oposto, com Brandon Williams completando a linha defensiva. O salário de Williams em 2020? 14,1 milhões de dólares.
Apesar de ambos já terem idade relativamente avançada, eles são reforços de alta qualidade para uma linha defensiva que acumulou somente 4 sacks no último ano; se você não sabe muito sobre Brockers, tudo bem, ele nunca recebeu muita mídia por jogar ao lado de Aaron Donald, o que não exclui o fato de ser um jogador bastante sólido tanto contra o passe contra a corrida. De acordo com a métrica DVOA, do Football Outsiders, a defesa dos Ravens foi a 4ª melhor da liga no último ano; com reforços de qualidade na pressão, podemos ver os comandados de Martindale dar mais um salto à frente e, quem sabe, chegar ao Super Bowl em 2020.
Philadelphia Eagles: um novo parceiro para Fletcher Cox
Nos últimos dois anos, o interior da linha defensiva dos Eagles teve um problema claro: embora Fletcher Cox continuasse produzindo em ótimo nível – as lesões minaram um pouco seu 2019, é bem verdade -, não havia nenhum parceiro competente à seu lado que fosse capaz de aproveitar o fato de que Cox recebia uma quantidade imensa de atenção da linha ofensiva. A misteriosa lesão tirou Timmy Jernigan de praticamente toda a temporada de 2018 e, no ano seguinte, Malik Jackson sofreu uma lesão grave já na primeira semana e não voltou a jogar.
Jernigan, que foi importantíssimo na campanha do Super Bowl em 2017, deixou o time; Jackson será uma peça importante na temporada seguinte, se saudável. Além deles – e do supracitado Cox -, o EDGE Brandon Graham é mais um que possui um contrato caro e Derek Barnett, o outro titular pelo extremo da linha, ainda está em seu contrato de calouro na condição de antiga escolha de primeira rodada.
Partindo do princípio que os Eagles contam com Jackson em 2020, foi bastante surpreendente ver o time assinando com Javon Hargrave por três anos, sendo mais um jogador cuja média anual do contrato supera os 10 milhões de dólares. Na teoria, a linha defensiva terá ao menos um reserva de luxo; no caso de Jackson atuar como EDGE em jogadas de passe, quem iria para o banco é Barnett. Ainda assim, excelente.
Apesar da secundária de Philadelphia não ser tão forte quanto a de Baltimore, o time fez contratações pontuais para impedir que o grupo fosse uma fraqueza tão evidente quanto em 2019: trocou por Darius Slay com o Detroit Lions e assinou com Will Parks provindo do Denver Broncos. A principal saída no setor, evidentemente, é a do safety Malcolm Jenkins, que teve sua opção contratual declinada e assinou com o New Orleans Saints.
Se essas contratações vão ter o efeito desejado ou não, só descobriremos em setembro. O fato é que ambos os times estão propensos a voltar para uma fórmula que lhes deu bastante sucesso em temporadas recentes e, como sabemos, um pass rush efetivo nunca é demais. Os Ravens se projetam como um dos favoritos da AFC para 2020, enquanto que o desempenho dos Eagles passa muito pela saúde de Carson Wentz para serem competitivos na NFC.
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