Relembre o caminho dos Rams até o Super Bowl LIII

Los Angeles dominou sua divisão e surpreendeu New Orleans na final da NFC

Os Rams confirmaram todo o favoritismo atribuído a eles durante a intertemporada ao voltarem ao Super Bowl após 17 anos. Depois de inúmeras movimentações grandes na offseason – falaremos sobre elas mais para frente -, a equipe da Califórnia passou a ser vista, com razão, como o time a ser batido na disputada Conferência Nacional.

A trajetória, em si, não teve grandes percalços – aquele negócio épico de “história de superação” não se aplica aqui. Los Angeles nunca teve a sua vaga nos playoffs ameaçada e foi a primeira franquia a garantir o título de divisão em 2018. Ademais, salvo uma breve queda de rendimento no quarto final da temporada, o desempenho dentro de campo também se manteve constante. Enfim, era desde o princípio um time apontado como fadado ao sucesso e que não decepcionou.

Vamos então relembrar o caminho dos Rams até o Super Bowl LIII, um caminho pavimentado sobretudo pela genialidade ofensiva do head coach Sean McVay e o talento de Aaron Donald, o melhor jogador defensivo da NFL há algum tempo.

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A montagem de um time de Super Bowl

Ironicamente, o momento mais marcante da temporada dos Rams aconteceu antes da temporada regular começar. Voltemos ao mês de março, quando teve início a montagem do super time de Los Angeles.

Aproveitando-se do espaço na folha salarial deixado pelo contrato de calouro de Jared Goff – estratégia similar àquela adotada pelos Eagles com Carson Wentz -, a franquia foi às compras e empilhou veteranos de renome até não poder mais e sem pensar muito no amanhã – aliás, escrevemos meses atrás como a manutenção de um elenco tão estrelado era inviável em médio e longo prazo. As trocas por Aqib Talib, Marcus Peters, Brandin Cooks e mais tarde por Dante Fowler, além da contratação de Ndamukong Suh, deram o recado para o resto da liga: queremos vencer e queremos vencer agora.

Ademais, a franquia ainda conseguiu arrumar um jeito de renovar com alguns de seus principais jogadores como Aaron Donald, Todd Gurley, Rob Havenstein e o recém-chegado Cooks. Sabe-se lá que engenharia financeira o general manager Les Snead fez para gastar tanto dinheiro e como isso pode afetar o orçamento do time no futuro, mas não dá para acusá-lo de medir esforços para ser campeão, já que os Rams estão onde estão muito por conta de suas decisões.

Começo 10-1 e a vitória sobre os Chiefs, um marco na história da NFL

Conforme já dissemos antes, Los Angeles nadou de braçadas na NFC West e nunca foi ameaçado por ninguém, nem mesmo por Seattle, que chegou ao mata-mata via wild card. As 10 vitórias nas 11 primeiras partidas do ano deixaram isso claro: a única derrota veio para os Saints e foi decisiva, pois serviu de critério de desempate para deixar New Orleans com o seed #1 da NFC.

Se por um lado as aquisições defensivas não surtiram o efeito desejado sob a tutela de Wade Phillips e o time teve uma defesa no máximo mediana, do outro lado bola tudo ia excepcionalmente bem. O ataque era imparável, tendo anotado uma média absurda de 36 pontos durante esses 11 compromissos iniciais. Goff estava indo tão bem que entrou na briga pelo prêmio de MVP da temporada com Drew Brees e Patrick Mahomes; a “McVaymania” estava em seu auge, preparando o terreno para todo mundo que já teve qualquer tipo de contato com o treinador ganhasse um cargo de head coach meses depois, e o ataque de 2018 era comparado com o lendário “Greatest Show on Turf” do começo dos anos 2000.

Contudo, a grande apoteose ofensiva dos Rams – e de toda a NFL – só ocorreu mesmo na semana 11, graças à vitória por 54 a 51 sobre os Chiefs. Um marco na história da liga, o maior jogo da história da temporada regular, o futuro da NFL, enfim, seja o nome que for, aquele Monday Night Football – que seria disputado no México, mas não foi por causa de um gramado ruim – é a materialização do que o futebol americano se tornou no século XXI: ataques poderosos, ênfase no jogo aéreo, mentes ofensivas funcionando a todo vapor etc. O legado daquela partida nunca será esquecido.

Momento de instabilidade e Goff voltando ao mundo real

Após a vitória sobre Kansas City, Los Angeles teve uma semana de folga. Curiosamente, ao invés de aproveitar o descanso para melhorar, a equipe piorou e viveu seu momento mais complicado do ano nas semanas seguintes.

O todo poderoso “The Greatest Show on Turf 2.0” pifou e deixou de produzir. Sobretudo, Bears e Eagles encontraram a forma de frear o outrora temido ataque: ao parar Gurley e o jogo corrido, o play action não funciona mais, Goff deixa de ser perigoso com lançamentos profundos e vira abóbora. Assim, o time não consegue avançar pelo campo e os turnovers se acumulam.

As derrotas diante de Chicago e Philadelphia foram especialmente feias e mostraram o pior de Goff, afastando-o completamente da briga pelo prêmio de MVP. De fato, o quarterback voltou ao mundo real, sendo um meio termo entre o bust do começo de carreira e o gênio do início de 2018. Ademais, não podemos subestimar o impacto no jogo aéreo causado pela lesão de Cooper Kupp. O wide receiver é muito inteligente e excelente correndo rotas. Considerando que um dos pontos fortes do esquema de McVay são os mismatches criados por recebedores cruzando rotas no meio do campo, a perda de Kupp foi gigantesca; Josh Reynolds, o substituto, simplesmente não está no mesmo nível.

O renascimento do ataque terrestre com C.J. Anderson, o herói mais improvável

Superado o momento ruim, os Rams voltaram aos trilhos com vitórias tranquilas contra Cardinals e 49ers nas semanas 16 e 17. Um dos motivos? O jogo terrestre estava funcionando de novo. O responsável por isso? Todd Gurley C. J. Anderson. Sim, o running back que foi dispensado por Panthers e Raiders e assinou com Los Angeles no final de dezembro para compor elenco virou o principal jogador do ataque. Coisas que só acontecem na NFL.

Anderson anotou 422 jardas terrestres e quatro touchdowns somando os confrontos com Arizona, San Francisco e Dallas – este último válido pela semifinal de conferência. Ele foi tão bem que tomou conta do backfield na final da NFC: 16 carregadas contra apenas quatro de Gurley. O recém-chegado não foi tão efetivo assim diante dos Saints (apenas 44 jardas pelo chão), mas foi quem mais encostou na bola durante a vitória que levou sua equipe à final da NFL. Goff, por sua vez, teve uma atuação bastante fraca contra os Cowboys, mas compensou sendo frio e decisivo nos momentos derradeiros da final de conferência, em uma partida na qual teve pouquíssima ajuda dos seus running backs.

Vejamos qual versão de Jared Goff entrará em campo no próximo domingo, às 21:30 (horário de Brasília), para encarar o New England Patriots no Super Bowl LIII: o Goff genial do começo de 2018, o eficiente de duas semanas atrás ou o espalhador de farofa dos duelos contra Bears e Eagles. Seja quem for, não há dúvidas que as perspectivas são boas para o ataque com Sean McVay comandando o show, enquanto a defesa precisará mais do que nunca de Aaron Donald para conter Tom Brady e cia.

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