Querido leitor, o que você acha de estufar a barriga de arroz em um rodízio? Não combina, não é mesmo? Carne é bom, arroz é bom, arroz com carne é uma delícia; mas, em um rodízio, você está pagando para saciar sua sede carnívora, não para ocupar espaço com carboidrato. Em certas situações, querer juntar tudo não gera o melhor resultado.
Foi exatamente o que o Minnesota Vikings fez ao dar mais dinheiro para Kirk Cousins.
A franquia estava em uma situação ingrata com o quarterback: ou buscava a troca e abraçava a reconstrução, ou assumia ser possível continuar brigando na NFC e manipulava o acordo salarial para fazer tudo se encaixar na folha de 2022. Minnesota optou pela segunda opção quando a mais saudável, claramente, era a primeira.
Vikings não têm grande ambições
Não me entenda mal, torcedor. Não estou aqui para desce o sarrafo no time, mas para elucidar o estado atual das coisas. A franquia trocou de técnico após anos com Mike Zimmer, perdeu atletas importantes e, com o salary cap comprometido,[foot]Os Vikings estão $3 milhões de dólares acima do limite, mesmo após o reajuste de Cousins, de acordo com o Spotrac.[/foot] pouco pôde fazer na free agency para encorpar o grupo.
A situação do time é clara: era a hora de recomeçar. Definir os pilares para o futuro e aproveitar que Cousins ainda possui lenha para queimar para buscar uma troca interessante para a equipe. Em um mercado de passadores extremamente movimentado como o atual – um no qual até Mitchell Trubisky encontrou um lar, diga-se de passagem -, era viável encontrar um parceiro para realizar uma boa negociação.
Ademais, não é como se Cousins mudasse o patamar atual da franquia. Nos últimos dois anos, quando a equipe começou a oscilar, Kirk foi extremamente eficiente, mas não conseguiu levar Minnesota à pós-temporada. Do que vale o alto investimento se não há a recompensa? Para piorar, a situação dos Vikings, em termos de força do elenco, não é melhor para 2022 e Kevin O’Connell, hoje, é um iniciante (e uma aposta) na função de treinador. Não é uma perspectiva mais empolgante que os anos anteriores.
Se, com uma equipe enfraquecida, as ambições não se desenham como as melhores, não há otimismo para que Cousins mude a tônica das últimas temporadas e faça os Vikings brigarem por algo nesse ano. Minnesota quis colocar muito arroz no rodízio e vai acabar descobrindo que nem sempre combinar coisas boas resulta em satisfação.
