Running Backs na Free Agency: A ilha dos brinquedos quebrados

Jamaal Charles e Adrian Peterson.

Se eu te falasse esses nomes há quatro ou três anos, muito provavelmente você me responderia: Sim, Curti, ótimas escolhas de primeira rodada no Fantasy da NFL. Embora o Fantasy não se traduza 100% no que um jogador é, em essência, ele acaba revelando a percepção do público em relação a esse jogador. Ambos poderiam ser colocados no panteão dos melhores jogadores da liga – e, no mínimo, entre os melhores corredores.

Fungibilidade.

É um termo de juridiquês que é tão incomum no linguajar do dia-a-dia que o corretor do Word me aponta que a palavra está errada. Não, não é um termo inventado por mim ou pelo Tite em uma coletiva de imprensa. Ele existe mesmo – e é uma palavra que traduz um sentimento. Quando algo é facilmente substituível por outro do mesmo gênero sem prejuízo de performance ou utilidade, dizemos que essa coisa é fungível. Um quarterback raramente o é – por melhor que Jimmy Garoppolo possa ser, duvido muito que ele engendraria uma virada como Tom Brady o fez no Super Bowl LI. Já os running backs….

Veja quantos estão no mercado

Um jogador vai para o mercado em algumas hipóteses. Em primeiro lugar, quando ele não quer jogar no mesmo time onde estava. Isso acontece em mais oportunidades do que você pensa. Em segundo, porque o time não quer mais esse jogador. No caso da posição de running back, cada vez mais vemos que são os times que não querem renovar com os medalhões.

Eddie Lacy, Adrian Peterson, Jamaal Charles, Latavius Murray, LeGarrette Blount. Todos nomes importantes. Todos nomes que não renovaram de imediato. Enquanto Mike Glennons recebem 15 milhões de dólares sem ter dado um passe desde 2014, tudo indica que correr muito desde 2014 acaba sendo um demérito em termos de valor.

E se você parar para pensar, é mesmo. Dos nomes que disse acima, apenas Murray assinou contrato para mais de um ano – justamente com os Vikings de Peterson, os quais disseram que “a janela para a volta de Adrian não estava fechada”. Bom, se eles fossem Rocky Balboa falando isso, eu acreditava. Mas no caso de um corredor que ganharia mais de 10 milhões de dólares com um time cheio de buracos na linha ofensiva, nah.

Aliás, este é o principal ponto desta tese. Linha ofensiva. Os times perceberam que compensa muito mais investir numa linha que abra espaço para um corredor qualquer – porque os jogadores de linha, além de individualmente serem menos estrela (e por tabela receberem contratos menores, em média) acabam sendo mais versátil. Uma boa linha ofensiva, montada para o jogo terrestre, pode ajudar o jogo aéreo por tabela. O mesmo dinheiro investido num running back estelar não ajuda tanto o aéreo assim.

E tem o Draft…

Devonta Freeman foi escolhido na quarta rodada do Draft de 2014. Indiscutivelmente, vem sendo um dos melhores corredores da NFL nos últimos anos. O back dos Falcons custa, atualmente, infinitamente menos do que qualquer um desses medalhões acima custaria.

Por quê? Simples. Ele está em contrato de calouro – e importou em apenas 721 mil dólares na temporada passada. Desde o Acordo Coletivo-Trabalhista de 2011, os salários de calouros são quase-tabelados em função de onde eles foram escolhidos no Draft. Isso quer dizer que, mesmo que você escolha um running back na primeira rodada, não vai pagar tanto para ele (por conta da tabelação) do que pagaria para um medalhão.

E para o azar de Peterson e companhia, a classe de running backs do Draft de 2017 é, no todo, uma das melhores da posição em coisa de anos. Claro: tivemos Ezekiel Elliott ano passado e Todd Gurley no ano anterior. Mas a tendência era que a NFL havia virado uma liga tão aérea que o valor dos backs no Draft havia quase que se solidificado na segunda rodada.

Até que esta classe apareceu e os corredores já na NFL, bem, tirando Le’Veon Bell e Elliott, ficaram um encargo desnecessário para os times. Leonard Fournette, Dalvin Cook, Chistian McCaffrey, Alvin Kamara, D’onta Foreman, Curtis Samuel, Wayne Gallman, Joe Mixon, Samaje Perine: todos eles podem aparecer nas três primeiras rodadas facilmente. Cook e Fournette provavelmente na primeira.

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Ter um talento a preço de banana e com menos propensão a lesão faz com que o “velho” seja esquecido e com valor menor. A oferta é muito mais especializada em termos de jovens talentos. Com efeito, o preço (e até mesmo a demanda) de produtos inferiores, cai. Você não quer comprar um PlayStation 3 com defeito no leitor de CD por um valor superior ao que pagaria por um PlayStation 4, quer?

É isso. Murray e Lacy já encontraram novas casas. Peterson e Charles, não. E não temos ideia de quando encontrarão. Em realidade, esse mercado “pobre” para running backs veteranos não é novidade. Emmitt Smith não foi sombra do que foi em Dallas quando jogou em Arizona no fim de carreira. O mesmo, embora mais produtivo, para LaDainian Tomlinson nos Jets após passagem carimbadora de Hall da Fama nos Chargers.

Os running backs na Free Agency são isso: uma ilha de brinquedos quebrados. É triste, mas é a realidade da posição e de um mercado competitivo.

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