Uma das coisas que mais me atraem no futebol americano e na NFL é o fato da liga saber que o esporte é algo dinâmico, sempre mudando e sendo mudado pelas inovações – sejam tecnológicas ou não. A resposta da NFL para tornar o futebol americano o mais comercializável o possível são constantes mudanças nas regras do jogo.
O Encontro Anual de Donos de Franquias ocorre no início desta semana em Boca Raton, Flórida. 19 propostas de mudança de regras de jogo foram enviadas pelas franquias e pelo Comitê de Competitividade da liga. Uma delas foi tratada por mim neste artigo – a previsão de expulsão de jogadores após duas faltas por conduta anti-desportiva. Mas as outras 18 são igualmente importantes. Vejamos, da maneira mais didática o possível, quais são e quem as propôs – lembrando que as regras que visam a segurança dos jogadores e aquelas propostas pelo Comitê de Competitividade têm chance maior de serem aprovadas.
- Pelo Comitê de Competitividade; Permanentemente move a linha de scrimmage em extra points para a linha de 15 jardas e permite que a defesa possa retornar eventuais tentativas erradas – a regra era provisória para ano passado e deve ser aprovada neste ano de modo permanente.
- Pelo Comitê de Competitividade; Permite aos técnicos que chamam jogadas a comunicação com jogadores através do ponto eletrônico, estando eles na sideline ou na cabine de técnicos (localizada na arquibancada).
- Pelo Comitê de Competitividade; Torna ilegal qualquer chop block (bloqueio abaixo da cintura realizado por um jogador em outro que já estava sendo engajado por um bloqueador) ilegal. Esta é uma regra que já deveria ter sido aprovada há anos. O chop block, para um jogador de linha defensiva, é o equivalente ao engajamento de um defensor com a coroa do capacete num recebedor indefeso.
- Pelo Comitê de Competitividade; Desqualifica da partida um jogador que cometer duas faltas por conduta anti-desportiva.
- Pelo Comitê de Competitividade; Muda o local da linha de scrimmage para o first down após touchbacks em free kicks (kickoffs ou punt após safety, por exemplo). De 20 jardas do campo defensivo para 25 jardas – clara regra que visa atenuar a maior eficiência dos kickers em conseguir touchbacks após a mudança do local da bola para kickoffs (regra esta cujo escopo era coibir concussões, mais comuns em retornos).
- Por Baltimore; Emenda à Regra 5, Seção 3, Artigos 1 e 2. Faz obrigatório que jogadores estejam usando números de camisa apropriados às suas posições em campo – regra que visa acabar com a polêmica de elegibilidade para jogadores de linha ofensiva apenas via sinalização. Os Ravens, lembrando, “sofreram” com a regra atual contra os Patriots na pós-temporada de 2014.
- Por Baltimore; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigos 1, 4 e 5. Faz possível que os técnicos tenham três desafios por partida e expande o arcabouço de jogadas objeto de desafios – atualmente são dois por partida.
- Por Buffalo; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigos 1, 4 e 5. Faz possível que qualquer marcação de campo – sem contar faltas – por parte da arbitragem seja objeto de desafio – com exceção a pontuações e turnovers, já que estes são automaticamente revisáveis.
- Por Carolina; Emenda à Regra 8, Seção 2, Artigo 1: Expandir a definição de exceção ao intentional grounding, de modo a eliminar o pressuposto que haja um recebedor na área do passe ou que a bola seja recepcionável.
- Por Kansas City; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigo 1 (metade da distância). Adicionar as jardas de punição àquelas necessárias ao first down.
- Por Kansas City; Emenda à Regra 8, Seção 1, Artigo 2 (Peyton Manning Rule): Proibir que um quarterback caia no chão, levante e realize um passe para frente.
- Por Minnesota; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigo 1. Elimina a necessidade de um técnico ter de ser bem sucedido nos dois primeiros desafios para ganhar um terceiro extra.
- Por Washington; Emenda à Regra 16, Seção 1, Artigos 1, 4, 6 e 7. Elimina a necessidade de prorrogação em jogos de pré-temporada.
- Por Washington; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigo 4. Possibilita que faltas pessoais sejam objeto de desafio dos técnicos.
- Por Washington; Emenda à Regra 15, Seção 2, Artigo 1. Elimina a necessidade de um técnico ter de ser bem sucedido nos dois primeiros desafios para ganhar um terceiro extra (mesma proposta de Minnesota, acima).
- Pelo Comitê de Competitividade; Expande os casos nos quais a arbitragem pode marcar horse collar rule (tackle pelo colarinho). Se o jogador engajar no tackle ao segurar a camisa na altura do nome na jersey para derrubar um jogador, será punido pela regra.
- Pelo Comitê de Competitividade; Marcar-se-á falta por atraso de jogo (delay of game) quando um time tentar chamar tempo quando não é permitido fazê-lo.
- Pelo Comitê de Competitividade; Elimina a falta de 5 jardas quando um recebedor sai de campo e toca um passe para frente na volta – faz com que a falta seja perda do down.
- Pelo Comitê de Competitividade; Elimina múltiplos posicionamentos da bola na aplicação de dupla falta após troca de posse de bola.
Outras propostas de mudanças de regras, mas daquelas estruturais
Além de regras sobre o jogo em si (ou seja, do que acontece dentro de campo), outras dez mudanças de regras foram propostas. Elas tangem a aspectos estruturais do jogo. Por exemplo, Arizona propôs que a lista de jogadores ativos para uma partida suba de 46 para 48. Washington propôs que haja um dia a menos de corte na pré-temporada (o de 75 jogadores), permitindo que os elencos continuem sendo avaliados até os cortes para 53 em setembro.
ESPECIAL: Confira nossa cobertura sobre as propostas de mudança de regra para 2016 na NFL
Algumas são relativas ao processo de Draft também. Por exemplo a oitava proposta, via Comitê de Competividade, a qual sugere que as conferências da FCS (na prática, segunda divisão do College) tenham um pro-day para todas suas escolas – de modo a centralizar o processo, dado que existem menos prospectos em escolas da FCS.







