Segue a Dinastia

Patriots vencem fora de casa e vão a 3º Super Bowl seguido

IPVA, Material Escolar, IPTU e Tom Brady indo ao Super Bowl: há certas certezas no mês de janeiro que, ano após ano, se confirmam. Pela terceira vez seguida e nona vez na carreira, o quarterback do New England Patriots será o representante da posição pela AFC na grande final da liga. Não que tenha sido fácil.

Os Patriots tiveram uma das mais difíceis partidas do ano no estádio mais barulhento da NFL. Mas, a cada coelho tirado da cartola, Tom Brady calava um pouco mais o Arrowhead Stadium até que ele ficou completamente em silêncio por volta das 1:30 da manhã, horário de Brasília.

New England caminha rumo a Atlanta com vitória por 37 a 31 na prorrogação. A última jogada da partida, um touchdown terrestre, é emblemática. Conforme antecipei na prévia do jogo, o plano de New England seria doses cavalares de corridas. Parecia que em toda oportunidade que eu olhava para a TV lá estava o time dos Patriots com a bola e, na maior parte das vezes, correndo com ela.

Como consequência da eficácia do jogo terrrestre…

O Kansas City Chiefs viu sua defesa em campo por 43 minutos. Por óbvio, ela iria cansar. Foram 36 primeiras descidas conquistadas pelos Patriots em 94 jogadas. Natural que na última campanha do jogo tenhamos visto a unidade ofegante e tomando passe atrás de passe. Isso, somado ao frio que tomava conta do Arrowhead, minou a defesa como um cerco antes da invasão à cidade inimiga.

Belichick não brinca em serviço. Ademais, com os Patriots tendo o dobro de jogadas e mais que o dobro do tempo de posse, isso indica menos jogadas e menos tempo para Patrick Mahomes, o potencial MVP da temporada 2018. É amplamente sabido que o “passe perfeito” é praticamente indefensável. A menos que ele não aconteça. Assim, há duas maneiras de fazê-lo: a primeira é cortando o mal pela raiz, com o pass rush. A segunda é sequer deixando que o quarterback entre em campo. Os Patriots fizeram isso correndo com a bola e tomando controle do cronômetro. Como efeito, Mahomes virou espectador em boa parte do jogo.

Como maneira de ilustrar, Sony Michel teve partida brilhante e “pagou” a escolha de primeira rodada, tão criticada em abril. Michel terminou o jogo com 113 jardas em 29 tentativas, somando dois touchdowns. Ele tem cinco touchdowns terrestres nesta pós-temporada, melhor marca desde Terrell Davis em 1997 e melhor marca da história por um calouro.

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Outro ponto no qual toquei na prévia para o jogo era a questão de como e quando pressionar Tom Brady. A pressão de quatro homens funcionou para os Chiefs na temporada inteira. No domingo, a equipe usou essa pressão em 35 recuos de passe e pressionou Brady em apenas 3 deles – apenas 8,6% portanto. Foi a pior marca da unidade na temporada.

Brady não foi sackado no domingo – ainda não o foi nesta pós-temporada. Em playoffs, sem sofrer sacks, ele tem 19 vitórias em 0 derrotas. Dê tempo a Brady contra uma defesa ruim e… O resultado costuma ser o de ontem. Precisão absurda e uma das melhores posturas de pocket na história da NFL.

Os Patriots tiveram terceiras descidas para 7 ou mais jardas em seis oportunidades no jogo. Tom Brady teve 6-6 com 6 first downs – incluindo três 3rd and 10 na campanha da prorrogação. A marcação em várias oportunidades até estava boa, dado que Brady teve 7 lançamentos completos em janelas estreitas (1 jarda ou menos) – esses sete foram a maior marca dele nas últimas 3 temporadas. Basicamente, ele virou o Darth Vader.

De novo, os Chiefs deixaram tempo demais no cronômetro

Kansas City, por meio de seu preciso kicker, Harrison Butker, ainda conseguiu levar o jogo para a prorrogação. Mas antes disso corria sério risco de perder o jogo. Para variar – como o torcedor dos Eagles bem sabe – Andy Reid não teve a melhor das gerências de cronômetro do mundo.

Pareceu-me até que os Patriots fizeram isso de propósito, como uma armadilha. O passe curto não vinha entrando o jogo todo, então os Chiefs optaram pelo passe longo. Muito provável que a orientação de Belichick tenha sido “tudo ou nada”: marcação agressiva e, caso a interferência fosse marcada, tudo bem obrigado.

É o que aconteceu, aliás. Aí, os Chiefs chegaram a 1st and Goal e sequer deixaram o two-minute warning chegar. Quatro descidas para queimar um pouco de cronômetro e, nada. Aliás, na jogada derradeira com o touchdown terrestre de Damien Williams para duas jardas, a nítida impressão que me passou é que a defesa dos Patriots deu de ombro. Ali, sabiam que estavam jogando contra o cronômetro e teriam 2 minutos para Tom Brady – era tempo demais. Isso aconteceu na Semana 6 desta temporada – dando tempo para Brady ter uma última posse – e também aconteceu no Super Bowl XXXIX com Reid sem gerência no fim de cada tempo.

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O New England Patriots avança para seu 11º Super Bowl (maior marca da NFL) e seu 9º em 18 temporadas. A franquia é a terceira da história a chegar em três Super Bowls seguidos e a primeira desde os Bills de 1990 a 1993 (que conseguiram quatro, recorde).



Foi a 36ª vitória em pós-temporada na história dos Patriots – empatando com os Steelers pela maior marca da história da NFL. Os Chiefs, por sua vez, não voltam ao jogo que seu fundador, Lamar Hunt, um dia idealizou. São 49 temporadas seguidas sem chegar à final – terceira maior seca da NFL. Por ironia, o troféu da AFC se chama Lamar Hunt Trophy. Pelo terceiro ano seguido, ele vai para Foxboro.

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