Semana 2014: a polêmica do Deflategate

A segunda dinastia dos Patriots teve suas glórias e polêmicas, sendo o Deflategate uma das principais. Entre brigas públicas com Roger Goodell e suspensão de Tom Brady, relembre conosco o ilustre caso das bolas murchas.

Deflategate

Já é tradição: todo ano, aproveitando o sossego da offseason, fazemos uma semana especial, relembrando alguma temporada da NFL. Para este ano, resolvemos contar a história da temporada de 2014, repleta de bons personagens e histórias cativantes. Nesse texto, vamos relembrar o polêmiquinho Deflategate. Venha conosco nessa gostosa viagem no tempo!

Era uma vez a final da Conferência Americana, entre Indianapolis Colts e New England Patriots. O jogo em si foi um atropelo: 45-7 dos Patriots, que iriam ao Super Bowl enfrentar o então campeão Seattle Seahawks – que tem seu próprio capítulo à parte. Porém, a final da AFC teve uma denúncia: supostamente, os Patriots teriam esvaziado mais do que o normal quatro bolas utilizadas na partida, a fim de conseguir maior vantagem. O principal suspeito? Tom Brady.

Parece sinopse de novela, mas isso realmente aconteceu e mais: virou uma trama arrastada em horário nobre, com direito a tudo. Briga, confusão, intriga, Tom Brady suspenso por quatro jogos, disputa de quarterback, Bill Belichick furioso, troca de Garoppolo, mais títulos, Alex Guerrero, abacate e dentre outros. Em 2014, começava o Deflategate, uma das novelas mais rocambolescas da história da NFL. E não de um jeito positivo.

Essa novela não vale a pena ver de novo

Explicar o Deflategate é como tentar resumir a súmula do Campeonato Carioca: você não entende por que existe e como chegou até esse ponto, apenas sabe que está lá. Mais do que isso: você começa a questionar sua existência no mundo e perguntar se isso foi realmente importante. No caso do Deflategate, há quem diga que foi necessário, como também há quem diga que não serviu para nada além de queimar (minimamente) a reputação dos envolvidos.

Tudo começou na final da AFC de 2014: Colts x Patriots, 45-7, Brady, Belichick e companhia indo ao Super Bowl mais uma vez. Porém, ainda no intervalo do jogo, os árbitros da partida verificaram que algumas das bolas utilizadas pelos Patriots estavam com menos pressão de ar do que a norma padrão da liga. Até aí, tudo bem: as bolas foram infladas novamente e a partida prosseguiu.

A confusão começou de vez quando a NFL abriu uma investigação sobre o caso, nas vésperas do Super Bowl XLIX. Tanto Brady, quanto Belichick e Robert Kraft, dono da franquia, negaram qualquer conhecimento e participação sobre o caso. Dentro de campo, não teve tanto impacto assim: os Patriots venceram os Seahawks em um jogo emblemático, quebraram um jejum de 10 anos sem títulos e o pontapé da segunda dinastia. Fora de campo, não se falava em outra coisa nos noticiários dos Estados Unidos: os Patriots – ou melhor, Tom Brady – sabotou as bolas da final da AFC ou não?

O que deveria ser uma apuração concisa acabou se transformando em uma mega trama digna de novela mexicana. Com direito à investigação paralela inconclusiva, troca de indiretas nada sutis entre Brady e Goodell, a associação de jogadores – a NFLPA – e até a Suprema Corte dos EUA no meio, o caso se arrastou durante toda a temporada de 2015 e só foi concluído no ano seguinte, quando Brady decidiu não recorrer mais da suspensão de quatro jogos e, de fato, a cumpriu em 2016. New England começou aquela temporada revezando entre Jacoby Brissett e Jimmy Garoppolo – falaremos dele em breve – e, durante a suspensão de TB12, ficou com campanha 3-1.

O Deflategate ficou ainda mais vazio (literalmente) quando Brady voltou com a faca nos dentes: durante a temporada regular, ele lançou 28 touchdowns e apenas duas interceptações. Nos playoffs, os Patriots amassaram Texans e Steelers, respectivamente, até chegarem novamente ao Super Bowl e enfrentarem o Atlanta Falcons. O final dessa história, a gente sabe: o 28-3, o quinto anel, Brady MVP do Super Bowl mais uma vez – isso sem contar com as duas aparições posteriores e o sexto título, em 2018. No final do Deflategate, quem riu por último foi o GOAT.

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A bola murcha foi o começo indireto do fim

É muito mais fácil (e aconselhável também) analisar as ações do passado com uma distância de tempo do que no calor do momento. Enxergar os fatos com o distanciamento histórico não apenas te dá uma maior amplitude do que aconteceu, mas também te dá a chance de juntar outros fatos e montar o quebra-cabeça. É impossível apontar o que causou o fim da era Brady-Belichick: afinal, foram 20 anos de história e muita coisa aconteceu nesse período. Porém, é possível debater que o ano de 2014 como um todo deu os primeiros indícios do fim da dinastia.

Para além do Deflategate, 2014 foi marcante no âmbito da polêmica por outro motivo: Jimmy Garoppolo. Dez anos atrás, ninguém sabia se Tom Brady (então com 37 anos) iria manter o alto nível em duas, três temporadas depois. A escolha de Garoppolo, na segunda rodada do draft, tinha lógica – e além disso, ele foi bem quando entrou em campo. O caldo entornaria de vez em 2017, culminando na troca de Garoppolo para os 49ers e a primeira rachadura pública entre Brady e Belichick. A partir daí, a dinastia duraria mais dois anos, terminando de vez com a saída de Brady em 2020.

Quem diria que as supostas bolas murchas da final da AFC causariam tanta confusão, não é mesmo?

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