Uma semana de demissões histórica. Em um período que sempre se caracteriza por troca de treinadores, vimos duas eras chegarem ao fim. Bill Belichick e Pete Carroll, dois dos comandantes mais icônicos desta geração, deixaram o comando de New England Patriots e Seattle Seahawks, respectivamente.
Essas trocas, somadas à aposentadoria de Nick Saban no College Football e a demissão de Mike Vrabel no Tennessee Titans, fizeram com que duas outras mudanças importantes não recebessem a devida atenção. Arthur Smith (Atlanta Falcons) e Ron Rivera (Washington Commanders) foram liberados de suas funções, após fracassarem na reconstrução de suas equipes.
Mesmo que aparentem ser notícias “menores”, essas demissões são cruciais para as ambições dessas equipes em 2024. Atlanta e Washington não competem verdadeiramente há anos e ambos ex-comandantes fracassaram mesmo com tempo maior na função e carta branca para fazer o que desejassem. Vamos analisar esses dois casos separadamente.
Falcons, presos no limbo
Faz quase uma década que o torcedor de Atlanta não sabe o que é ser feliz. A apoteótica derrota no Super Bowl LI parece ter implodido a franquia de uma forma que não mais conseguisse sair da mediocridade. Desde então, foram sete temporadas, sendo que em apenas uma a equipe anotou uma campanha positiva.
Era uma temporada importante para Smith. Ele recebera carta branca de Atlanta e fez muitas mudanças ofensivas, para que o grupo se adequasse ao seu plano de jogo. Na minha análise da franquia antes da bola rolar, evidenciei que as condições nunca foram tão favoráveis para a equipe começar a demonstrar melhor: elenco condizente com a mente do treinador, jogadores jovens e talentosos no ataque, defesa remodelada, divisão enfraquecida. Ainda assim, ele teve a proeza de repetir a campanha dos dois anos prévios: 7-10.
Durante seus três anos no comando da equipe, Smith usou as três escolhas top-10 da franquia para selecionar jogadores de impacto no ataque: Kyle Pitts, Drake London e Bijan Robinson. Todos foram subutilizados pelo treinador. Não há explicação para tanto talento ser jogador fora e por isso a mudança era mais do que necessária. Os rumores são fortes, inclusive, de que Belichick é o favorito ao cargo.
Fato é que Atlanta continua tendo um elenco competente, principalmente no lado ofensivo, que ainda é mal articulado pela incapacidade dos treinadores que passaram anteriormente. Para além do que qualquer contratação ou Draft, essa era a mudança mais necessária para a franquia em 2024. Veremos quem será o novo comandante.
Commanders, queda livre
Desde que Ron Rivera assumiu o comando de Washington, a franquia correspondeu cada vez menos às expectativas, apesar dos seguidos investimentos feitos para que fosse possível competir na acirrada NFC East. Se na primeira temporada os Commanders conquistaram sua vaga na pós-temporada, mesmo com campanha negativa, chegaram à última com uma fatídica campanha 4-13, perdendo, no meio do caminho, sua principal fortaleza, a linha defensiva.
Rivera sempre fez o estilo “paizão” em Washington. Não fosse ele no comando da equipe, é bem possível que ela teria se desmontado por inteiro, já que foi durante sua gestão que a franquia fez o movimento mais importante de sua história, ao ver Zack Snyder vender o time para Josh Harris. O fim de uma era de sombras havia chegado ao fim e Ron lidou com bela compostura, mesmo batalhando contra uma doença no meio do caminho.
O problema é que ciclos chegam ao fim e novos comandos exigem novas práticas. Não à toa, Harris trouxe Bob Myers, o responsável por construir a dinastia do Golden State Warriors na NBA, para auxiliá-lo nesse processo. Vale lembrar que o novo dono da franquia também comanda o Philadelphia 76ers, equipe que fez uma reconstrução exemplar na liga de basquete.
Como Atlanta, Washington vive um longo período estagnada no limbo, incapaz de competir em sua divisão e fazendo pouco barulhos nos playoffs quando lá adentra. Nos últimos 20 anos, foram três títulos da NFC East e uma vitória em quatro idas à pós-temporada. É muito pouco.
É verdade que o caminho dos Commanders é um pouco mais longo, pois a equipe não possui um elenco tão talentoso como o dos Falcons. No entanto, está em uma posição privilegiada, já que detém a segunda escolha geral do próximo recrutamento, podendo selecionar o prospecto de quarterback que mais lhe aprouver, seja Caleb Williams ou Drake Maye.
Estamos diante de duas demissões que não foram tão comentadas, mas que simbolizam muito para suas equipes. É o início de (mais uma) tentativa de deixar a mediocridade para trás.
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