O Tennessee Titans tomou uma das decisões mais questionáveis da temporada 2023. Após a campanha 6-11 representar o segundo ano consecutivo sem playoffs, a franquia optou por demitir o head coach Mike Vrabel, que estava no comando desde 2018, levou o time até a final de conferência em 2019 e ainda foi eleito o Técnico do Ano em 2021.
É bem verdade que os dois últimos anos representaram uma queda de produção em relação ao que víamos de Vrabel anteriormente – mas isso não faz dele um culpado ou torna a decisão melhor. Os Titans fizeram um movimento bem ruim ao demitir seu head coach, e agora terão problemas muito maiores para montar um time competitivo daqui pra frente.
Vrabel tirou leite de pedra nos bons anos
Não é possível que o Tennessee Titans veja os primeiros anos de Mike Vrabel e fique com a sensação de que o time poderia ter ido um metro além do que foram. Ok, não vieram títulos, mas não é como se o treinador tivesse assumido uma equipe super talentosa e não tivesse feito um bom trabalho potencializando seus jogadores – pelo contrário: em várias ocasiões, vimos os Titans jogando como um time aguerrido e em nível superior à soma de suas capacidades individuais.
Vrabel esteve muito perto de levar o time a um Super Bowl, especialmente quando teve uma vantagem de 10 pontos durante a final de conferência contra o Kansas City Chiefs. Perdeu porque nada ia tirar o título de Patrick Mahomes em 2019, no entanto, não foi uma oportunidade desperdiçada: o time foi até o seu mais absoluto limite e sucumbiu a um adversário ainda mais talentoso. O mesmo aconteceu em 2021, por exemplo, quando os Titans eram #1 nos playoffs ainda que não tivessem o melhor dos times.
Tudo isso com quarterbacks longe da elite da liga, fosse Marcus Mariota em 2018, Ryan Tannehill nos anos seguintes ou Will Levis em 2023. Tudo isso gastando uma escolha de primeira rodada no tackle Isaiah Wilson, com mais problemas fora de campo do que snaps dentro dele e que foi dispensado logo após seu primeiro ano; ou então em Caleb Farley, um cornerback que tem sido um gigantesco bust em seus anos de NFL. Ou ainda adicionando Treylon Burks, que era o melhor recebedor da classe de 2022 – o time só precisou se desfazer de A. J. Brown, elite da mesma posição, para que a troca fosse possível.
O Tennessee Titans disputou com times muito mais talentosos e foi extremamente competitivo de 2018 até o meio de 2022. E isso só foi possível porque o treinador na sideline era acima da média.
Vrabel tirou leite de pedra nos maus anos
É uma demissão difícil de se entender dado todo o contexto, porque os drafts recentes da organização foram muito ruins, as boas peças do elenco naturalmente já estão envelhecendo (Derrick Henry acaba de fazer 30 anos) e isso não é responsabilidade exata do treinador – Jon Robinson, o antigo general manager, foi demitido no meio do ano passado como reflexo natural de A. J. Brown destruindo seus adversários no Philadelphia Eagles após a troca.
No podcast de assinantes antes da Semana 18, falamos sobre Jaguars e Titans – e um dos motivos para prever a zebra nessa partida era de que Mike Vrabel jamais deixaria seu time jogar 1% abaixo de seu máximo, o que arruinaria as chances de playoff de Jacksonville. Foi assim da primeira semana de 2018, naquele famoso jogo contra o Miami Dolphins que durou mais de sete horas, até a última de 2023, quando Vrabel se despediu do cargo com uma vitória sobre um rival que absolutamente precisava.
O elenco dos Titans não tem condição de competir por títulos, mas tinha um treinador capaz de fazê-lo muito mais competitivo em todas as semanas. Agora o processo de voltar a brigar pela conferência vai ser muito mais longo e árduo – e, sinceramente, eu não sei o que mais Tennessee poderia esperar do treinador. Assim como eu não sei o que eles esperam que saia de positivo por essa troca.
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