Antes da temporada começar, imaginávamos que a AFC East seria – de longe – a mais fraca das divisões da NFL neste ano. Com o New England Patriots se reforçando bem – Brandin Cooks, a primeira ameaça em profundidade de Tom Brady desde Randy Moss, o New York Jets se desfazendo de medalhões, os Dolphins perdendo Ryan Tannehill e o Buffalo Bills de comissão técnica nova, a expectativa não poderia ser diferente.
Acontece que a NFL é a liga mais competitiva do mundo e, num calendário tão curto, podemos esperar de tudo. O histórico tank que o Houston Astros fez no beisebol, deu certo com o título da World Series na noite de ontem. Outros times na NBA utilizaram-se de estratégias semelhantes para escolher alto no Draft. Os Bills, ao que tudo indicava, iriam pelo mesmo caminho. Ronald Darby e Sammy Watkins, dois dos principais jogadores da equipe, foram trocados. Mesmo assim, a equipe se manteve competitiva e venceu outrora favoritos da Conferência Americana.
O trunfo final para que o respeito viesse em 2017 veio contra o Oakland Raiders. A fórmula contra Derek Carr e cia foi a mesma do ano todo: forçar turnovers, capitalizar em cima deles e evitar entregar a bola para o adversário. Com LeSean McCoy e um dos melhores jogos terrestres da liga, o Buffalo Bills de 2017 poderia ser considerado uma versão deste ano do que foi o Dallas Cowboys do ano passado. Em outras palavras, um relógio suíço bem-calibrado.
De repente, o jogo de hoje vale a briga na AFC East
Antes da temporada começar, pensávamos que este Thursday Night Football seria um dos mais desinteressantes da temporada. No máximo, seu atrativo era ser o último jogo de 2017 com horário “de gente” – ou seja, início às 22:30 e não às 23:30 no horário de Brasília. No máximo, seria um confronto para definir o “menos pior” dos times do Estado de Nova York.
Bills e Jets, de repente, virou o confronto para consolidar respeito. Para Buffalo, a AFC East é o objetivo e o alcance. Seria a primeira ida da franquia aos playoffs desde que o pagode era sucesso no Faustão e Ana Maria Braga estreava na Globo. Em outras palavras, eles não vão para a pós-temporada desde 1999. A seca divisional é ainda maior: 1995.
Depois de aparentar que estariam pensando em se reforçar com escolhas altas no Draft – o bom e velho tank – os Bills mostraram na deadline de trocas que estão pensando, também, no presente. Em troca de escolhas de terceira e sétima rodadas no Draft 2018, Buffalo adquiriu Kelvin Benjamin com o Carolina Panthers – outrora casa de Sean McDermott, head coach que vem fazendo um trabalho impecável nos Bills. O general manager de Buffalo, Brandon Beane, também veio de Carolina. “Estamos vindo aqui todos os dias, tá todo mundo trabalhando duro, respeitando o processo e se empenhando”, disse McDermott, um dos possíveis vencedores do prêmio de Técnico do Ano.
Uma vitória em horário nobre, hoje, por mais que seja contra um time que possui campanha negativa, traz respeito para o New Era Field. Como Buffalo não frequenta a pós-temporada há algum tempo, é normal que, mesmo que estando jogando bem, o respeito não seja o mesmo do que aquele dado para times que jogam frequentemente em janeiro. Isso não quer dizer que o respeito não seja merecido. Pelo contrário.
Texto exclusivo dos sócios ProClub: Troca de Kelvin Benjamin é boa para Carolina e também para Buffalo
Buffalo lidera a NFL em uma importante categoria: margem de turnovers. Neste momento, -14. São 17 turnovers forçados – melhor marca junto do Baltimore Ravens – e apenas 3 cedidos – melhor marca junto do Kansas City Chiefs. Micah Hyde, ex-Packers, liga com cinco interceptações. Lorenzo Alexander, grata surpresa da temporada passada, lidera a NFL em fumbles forçados. Tyrod Taylor tem apenas duas interceptações nesta temporada. “Eles são disciplinados”, disse o técnico do adversário de hoje, Todd Bowles. Os Jets perderam a primeira partida da temporada, justamente contra Buffalo. “O grande ponto é que eles não entregam a bola e estão forçando turnovers. Eles estão jogando bem”, completou Bowles.
Antes da temporada começar, parecia um jogo qualquer. Um dos muitos que, numa quinta-feira à noite, até pensaríamos em não assistir. Hoje, vale a pena para testemunhar aquele que pode ser o primeiro time do Buffalo Bills nos playoffs desde que eu estava aprendendo a escrever. Hoje, foi impossível não escrever sobre eles.
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