Trey Hendrickson se enganou: seguirá refém dos Bengals

Os Bengals ganharam tempo, enquanto seu melhor defensor segue sem controle sobre o próprio futuro

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Trey Hendrickson protagonizou uma novela curiosa nesta offseason. Insatisfeito com seu vínculo — que entrava no último ano de duração —, o pass rusher deixou claro ao Cincinnati Bengals que queria uma extensão ou, ao menos, uma reformulação que lhe desse maior segurança financeira. O time ignorou o pedido inicial, o que fez o jogador pedir uma troca. Dias depois, a franquia recuou parcialmente e adicionou 15 milhões de dólares garantidos, elevando seus vencimentos para 29 milhões em 2025. Isso bastou para que Hendrickson voltasse aos treinos, mas a vitória é apenas aparente.

O ponto central da discussão é que o contrato não inclui nenhuma cláusula que proíba o uso da franchise tag em 2026. Isso significa que, mesmo tendo conquistado mais dinheiro imediato, o jogador está vulnerável a reviver exatamente o mesmo impasse no futuro. Ao aceitar esse ajuste pontual, Hendrickson abriu mão do que deveria ser seu objetivo real: estabilidade a longo prazo.

A leitura aqui é simples: ele se contentou com o bônus imediato, mas comprometeu seu poder de barganha. Em 2026, se ainda render em alto nível, os Bengals podem simplesmente aplicar a tag e postergar novamente qualquer negociação séria. Se cair de produção ou se lesionar, receberá dificilmente a valorização que tanto buscava. Ou seja, o pass rusher se tornou refém de um contrato que dá muito mais margem à franquia do que a ele. Foi um erro estratégico que pode custar caro.

Bengals: talento isolado em uma defesa limitada

Dentro de campo, a volta de Hendrickson muda a cara da defesa dos Bengals, mas não a ponto de torná-la uma unidade de elite. O jogador é um dos pass rushers mais produtivos da NFL nos últimos anos e, sem ele, a pressão sobre os quarterbacks adversários seria praticamente inexistente. Sua presença, portanto, é um alívio para o torcedor, que sabe o quão frágil a defesa ficaria sem seu principal nome.

No entanto, a melhora é pontual. A secundária segue inconsistente, o miolo defensivo carece de profundidade e, em termos coletivos, Cincinnati ainda está longe de apresentar uma defesa capaz de decidir jogos contra rivais pesados da AFC. Hendrickson é um talento diferenciado, mas é como se colocassem um remendo de luxo em uma parede cheia de rachaduras: a estrutura continua comprometida.

E isso reflete o problema maior dos Bengals: a gestão errática da franquia. Não é de hoje que o time mostra dificuldade em alinhar planejamento e execução. A mesma organização que tem Joe Burrow e Ja’Marr Chase no ataque — e deveria estar maximizando sua janela de Super Bowl — insiste em decisões de curto prazo, enrola em renovações e convive com imbróglios contratuais que afetam seu ambiente interno.

No caso específico de Hendrickson, o Bengals agiu de forma reativa, apenas cedendo quando a ameaça de perda do jogador se tornou real. Não houve uma visão de longo prazo, apenas a pressa em apagar incêndio. Essa postura é um retrato fiel de uma franquia que, apesar do talento em campo, ainda não aprendeu a operar como potência consolidada.

O desfecho não é bom

Trey Hendrickson garantiu mais dólares agora, mas comprometeu o futuro ao não blindar seu contrato contra a franchise tag. Em 2026, pode se ver novamente preso a negociações desgastantes, sem controle sobre seu próprio destino. Já os Bengals ganharam tempo: terão seu melhor defensor em campo nesta temporada, mesmo que a unidade como um todo siga frágil.

No fim, a equação mostra um perdedor claro: Hendrickson. Ele se tornou refém de sua escolha e dependerá mais do que nunca da boa vontade de uma franquia que, historicamente, se perde em seus próprios erros. O talento está lá, mas o ambiente em Cincinnati continua sendo, acima de tudo, uma bagunça.

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