Trocar Josh Rosen é certeza de prejuízo para os Cardinals

Arizona não terá lucro com a negociação

A novela Josh Rosen ganhou mais um capítulo na última quarta-feira, quando três franquias aparentemente assumiram a dianteira nas negociações pelo quarterback. Segundo informações apuradas por Joel Klatt, analista da Fox Sports norte-americana, New England Patriots, Los Angeles Chargers e New York Giants estão muito interessados em trocar por Rosen, tanto que um desses times já chegou a oferecer uma escolha de segunda rodada – Arizona, entretanto, quer uma pick de primeiro dia.

Embora sempre exista a possibilidade de se tratar de um boato alimentado pela eterna guerra nos bastidores da NFL, a informação obtida por Klatt faz total sentido, seja pensando pelo ponto de vista das equipes citadas como interessadas, seja acreditando no possível (ou provável) desejo dos Cardinals de trocarem Rosen. Os rumores ligando a franquia ao nome de Kyler Murray aumentam a cada semana, mesmo porque Arizona pouco tem feito para silenciá-los: já são vários os especialistas e insiders apostando em Murray como a primeira escolha geral do Draft 2019.

Caso os rumores sejam verdadeiros, draftar Murray será a parte operacionalmente simples da história, pois Arizona já detém a primeira pick do recrutamento. A parte complexa de todo o imbróglio, na verdade, será costurar a troca de Rosen de modo que a franquia não saia muito no prejuízo. Assim, surge a pergunta: o que os Cardinals podem realisticamente esperar como compensação pelo quarterback? É difícil dizer, mas existe um consenso de que o investimento feito em Rosen no Draft passado não será recuperado.

Por melhor que seja o acordo, os Cardinals sairão com menos do que entraram

Arizona lidou tão mal com toda a situação que praticamente dinamitou qualquer poder de barganha que por ventura tivesse com o seu signal caller segundanista. Ao permitir que os boatos sobre Murray corressem soltos, a franquia deu a entender para o resto do mundo que Rosen era dispensável. Ademais, como podemos interpretar a declaração feita pelo general manager Steve Keim dizendo que “Josh Rosen é o nosso quarterback agora”? Quer dizer que no futuro ele não será? No mínimo, foi uma escolha equivocada de palavras.

Em suma, os Cardinals foram os grandes responsáveis por jogar o preço de Rosen no chão. É possível discutir como a fraquíssima temporada de estreia também ajudou a diminuir seu valor, embora todo o contexto da franquia em 2018 fosse bastante propício ao fracasso de qualquer um, porém, não dá para ignorar como a estratégia de negócios da equipe foi bizarra. Quem pagará uma escolha alta por Rosen sabendo que ele não está mais nos planos de Arizona e logo mais precisará ser trocado de qualquer maneira? Se você quisesse vender seu carro, por exemplo, você não sairia na rua gritando que precisa desesperadamente vendê-lo o mais rápido possível, não é?

A tática não deu certo nem se considerarmos que a inércia diante dos boatos sobre a vinda de Kyler Murray é um blefe. Se Arizona queria vender a ideia de selecioná-lo para pressionar alguém a trocar para cima por ele, bem, o tiro saiu pela culatra, porque ninguém caiu de amores por Murray – de fato, o nome dos Cardinals é o único frequentemente ligado ao ex-quarterback de Oklahoma.

Para assegurar Rosen no Draft passado, a franquia precisou trocar para cima, pulando da 15ª para a 10ª posição geral ao ceder seus picks de terceira (79ª geral) e quinta rodada (152ª) aos Raiders. Não há como chegar nem perto de recuperar o capital investido se a opção for mesmo negociar o segundanista em 2019.

Uma escolha média de segunda rodada pode ficar de bom tamanho para Arizona

Um quarterback escolhido no top 10 e negociado um ano depois é algo sem precedentes na história recente da NFL, então não existe quase nada para usar como base de comparação. Talvez o mais próximo seja o caso de Brett Favre: selecionado pelos Falcons no início da segunda rodada do Draft de 1991, o futuro hall of famer acabou trocado para os Packers na temporada seguinte.

Favre tinha sérios problemas de ética de trabalho no início da carreira e era odiado pelo head coach Jerry Glanville, mas Atlanta, acredite se quiser, ainda conseguiu lucrar ao trocá-lo por uma escolha de primeira rodada (19ª geral). Enfim, Favre acabou se tornando o maior exemplo de uma franquia abrindo mão de um signal caller promissor em tempo recorde, mas acaba aí a semelhança com Rosen.

Há algumas semanas, após conversar com duas fontes, Peter King apurou que o valor de Rosen estava avaliado em uma escolha de terceira rodada. Quarta-feira, Klatt obteve a informação de que um time ofereceu uma pick de segunda rodada, porém não especificou se era uma escolha alta ou baixa. Esse último parece ser um território mais realista.

Interesse por Rosen haverá, mesmo porque ele não foi o 10º jogador draftado no ano passado à toa e uma temporada de estreia ruim na NFL não joga todas análises pré-Draft no lixo, então, Arizona parece estar em posição de negociar uma escolha intermediária ou até top 10 de segundo dia. Mais do que isso, contudo, será difícil de conseguir por conta do que falamos anteriormente. Por outro lado, se as previsões mais pessimistas de terceira rodada se confirmarem, isso significará, na prática, que os Cardinals teriam desperdiçado totalmente suas picks de primeira e quinta rodada de 2018.

Entre as três equipes apontadas como interessadas, New England é quem se destaca com o maior poder de fogo: Belichick tem seis escolhas entre as 101 primeiras picks do Draft. As possibilidades de negócio são infinitas: por exemplo, se gostarem muito de Rosen, os Patriots podem mandar a 32ª escolha geral (última da primeira rodada). Dificilmente alguém bateria essa oferta. Ou então podem montar um pacote com uma de segunda e outra de terceira rodada (56ª e 97ª), ou qualquer coisa parecida.

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New York também está em uma condição privilegiada: podendo trazer dois atletas de peso com suas duas escolhas de primeira rodada, apostar em Rosen com a 37ª pick geral seria algo bem mais confortável. A questão é que os Giants não gostaram do que viram de Josh antes do Draft passado, então não há muitos motivos para acreditar que eles mudariam de ideia agora. Já Los Angeles, por sua vez, é quem tem menos munição entre os três. A menos que queiram abrir mão de 28ª pick, ficará difícil (mas não impossível) fechar negócio com uma das últimas escolhas da segunda rodada.

Seja como for, Arizona impreterivelmente precisaria trocar Rosen antes do Draft pois, caso contrário, seu pouco poder de barganha acabaria de vez. Hoje, bem ou mal, existe a chance de tudo ser um grande blefe – além disso, mesmo se for real, ainda dá para mudar de ideia e desistir. Após draftar Murray, não tem como voltar atrás e negociar Rosen será o óbvio a ser feito, o que diminuirá mais o seu valor.

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