Trocas insanas, escolhas inesperadas: veja o que rolou de melhor na primeira rodada do Draft

Primeiras rodadas do Draft tendem a ser chatas em alguns anos e absurdamente divertidas em outros. A sensação que eu tinha, antes de começar ontem, é que este seria um ano meio chato, com poucas trocas na primeira rodada.

Estava completamente enganado. A falta de um quarterback de elite abaixou muito o preço das escolhas mais altas, o que facilitou demais que houvesse trocas para cima e para baixo. O resultado foi uma das primeiras rodadas mais divertidas dos últimos tempos.

Ouro por Trubisky: a troca mais desequilibrada desde o Tratado de Methuen

Estava na cara que o negócio ia ser divertido quando o Chicago Bears jogou um caminhão de escolhas (uma terceira e uma quarta neste ano e outra terceira no ano que vem) para subir UMA POSIÇÃO e draftar Mitch Trubisky. Alguns falaram que Trubisky ia estar disponível na terceira escolha geral. Isto não é verdade.

Eles provavelmente tiveram que pagar tanto porque teve uma guerra por Trubisky no telefone. Alguém queria subir, Chicago estava apaixonado pelo cara e mandou mais ouro para  São Francisco do que havia lá em 1849. Foi overpaid? Sim. Ele vale tudo isso? Não. Ele valia a segunda escolha geral? Apesar de um mock meu colocá-lo lá em cima no início do processo, acho que não. Chicago quis se desesperar, apostar em um futuro e apostou alto – muito alto realmente.

Basicamente, para Chicago foi pior do que quando Portugal achou uma boa ideia assinar um tratado com a Inglaterra no século XVIII – aquele do Panos e Vinhos, que quebrou a economia portuguesa no longo prazo.

Fournette e McCaffrey saindo no top 10

top 10 foi uma loucura só. A escolha de Leonard Fournette parece que foi um gatilho para os playmakers serem escolhidos rapidamente. Este é o efeito que pode acontecer quando uma classe é muito profunda: os jogadores se desvalorizam pela quantidade de boas peças.

Na realidade eu não gostei muito da escolha de Fournette. Ok, ele será o centro do ataque e tudo mais, mas é uma projeção gigante – calouro ganhando um dos maiores salários da posição, com um quarterback deficiente e uma linha ofensiva bem abaixo da média da liga. Uma coisa é um time completo, como Dallas, escolher um running back. Outra coisa é alguém que sistematicamente queima os seus talentos ofensivos escolhidos no top 10: Eugene Monroe (o melhorzinho), Blaine Gabbert, Justin Blackmon, Luke Joeckel e Blake Bortles (ainda não foi para frente). De quebra ainda tem o Tyson Alualu para confirmar a fama de cemitério de bons prospectos. Espero que Fournette tenha mais sorte.

Corrida por Wide Receivers e por Quarterbacks

O gatilho resultou em wide receivers saindo bem antes do esperado. Os Titans durante toda a primeira rodada mostraram que a palavra valor não importa muito: tanto Corey Davis (uma boa escolha) quanto Adoree’ Jackson (meio decepcionante) eram projetados para bem depois. Mesmo o que mais impressionou foi os Bengals ignorando qualquer prognóstico clínico de John Ross e só apostando em seu talento de top 10 – boa sorte.

Com Chicago inflacionando o mercado (o Antony deve ter ficado muito feliz – É, EU FIQUEI, VIU, JEAN? TO EDITANDO O TEXTO AGORA E TO FELIZÃO) era óbvio que iria rolar uma corrida por um quarterback antes de Arizona estar no relógio. Dois times saíram vitoriosos: Cleveland (para quem Houston vendeu a alma durante toda a intertemporada) e New Orleans. Com Lattimore caindo, muito possivelmente os Eagles tentariam trocar com Buffalo, no entanto Kansas City fez uma oferta que eles não poderiam recusar.

No fim, Kansas City ficou com seu projeto de Donovan McNabb (sem o mesmo atleticismo) e Houston achou outro salvador – no melhor estilo agora vai.

Melhores barganhas: Malik Hooker para Indianapolis e O.J. Howard para Tampa Bay. Em termos de encaixe, qualidade, potencial e necessidade, as duas equipes se deram muito bem e devem estar sorrindo até agora. O ombro de Jonathan Allen (que assustou todo mundo) impede Washington de entrar nesta lista. Mesmo assim, Allen tem capacidade para jogar de 5-tech e elevar o nível daquele front seven.

Cleveland e San Francisco arriscam no final da primeira rodada

Enquanto mandou muito bem, o fim da primeira rodada dos Browns pode ser questionável no futuro – porque Cleveland simplesmente. Jabrill Peppers precisa aprender muita coisa e não tenho certeza que era o melhor valor naquela escolha. E trocar duas escolhas por um tight end (que eu acho que iria para Pittsburgh) também não foi uma das melhores formas de usar os seus recursos. De toda forma, temos que contextualizar: Cleveland tem uma cacetada de escolhas, então pode se dar ao luxo aqui.

Outra equipe que arriscou um pouco foi San Francisco com Reuben Foster. Quase todo mundo acredita que o linebacker vai ter que fazer outra cirurgia no ombro porque ele não foi no médico recomendado pela maioria das pessoas. Além disso, seus problemas fora de campo correm o risco de serem tóxicos.

Tal como os Bears com Trubisky (mas sem hipotecar a vida), Giants dão All In nos anos finais de Eli

Eu entendo a filosofia da diretoria dos Giants em sempre escolher um playmaker acima de um linha ofensiva quando os dois possuem a mesma avaliação. O questionável é Evan Engram ter uma grade de primeira rodada. Engram é muito mais um wide receiver do que um tight end.

Ele é menor que alguns wide receivers da liga, imagine tight ends. Eu entendo a lógica de ter 50 alvos para Eli Manning escolher, no entanto é preciso assumir que foi uma escolha extremamente arriscada e que jogou o valor pelo ralo – ainda mais com só Garett Bolles não estando disponível.


“RODAPE"

Mesmo sendo investigado por estupro, Gareon Conley sai na primeira rodada

Outra coisa que me impressionou não foi Gareon Conley ser draftado (os Raiders poderiam apostar muito bem nele, tanto é que foi a minha escolha e a do Curti também para Oakland no último Draft simulado) e sim alguém que toma decisões na NFL acreditar que o polígrafo poderia determinar com toda certeza se alguém está mentindo ou não. Sim, Conley foi submetido a um teste de polígrafo por pedido de algum time, de acordo com Ian Rapopport.

Para quem não sabe, o polígrafo, ou detector de mentira, está longe de ser uma ciência exata. Ele tenta detectar padrões de quando as pessoas mentem, como sudorese excessiva, oscilação na voz, receio de resposta, agressividade desnecessária e outras coisas mais. Já está claro que qualquer pessoa que treine realmente para um teste desses consegue mentir sem ser detectado.

Não estou assumindo a culpa ou não de Conley (apesar de o achar um imbecil de se envolver em uma situação dessas antes do Draft, o ônus da prova é sempre da acusação no processo penal), só que é inacreditável como ainda tem algumas franquias que tomam atitudes do século passado – nada perto do futebol brasileiro, mas mesmo assim questionáveis.

Os maiores vencedores? San Francisco 49ers, Cleveland Browns, Tampa Bay Buccaneers e Indianapolis Colts – pelo valor que conseguiram ao longo da primeira rodada, o que foi memorável.

O que esperar da segunda rodada?

A segunda rodada hoje pode ter uma corrida por cornerbacks logo no início. Kevin King, Quincy Wilson, Chidobe Awuzie, Cordrea Tankersley, Fabian Moreau e Sidney Jones (os últimos dois machucados) devem ser disputados a tapa.

A esperança das equipes do meio da rodada, como Philadelphia, é que haja uma corrida atrás da segunda leva de pass rushers e de linhas ofensivas. Todos estes elementos devem fazer com que as trocas rolem soltas no início da rodada – que é o que os fãs mais gostam de ver acontecer.

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