Viver e morrer no tiroteio: o lema dos Cowboys em 2025

Dak Prescott e o ataque estão jogando o fino da bola, mas a defesa capenga pode entregar tudo a qualquer momento. Ninguém sabe o que esperar do Dallas Cowboys, exceto duas coisas: tiroteios semanais e muito entretenimento.

Prescott

Quando saiu a troca de Micah Parsons para os Packers, lembro de não apenas ficar incrédula, mas também de acreditar cada vez menos no 2025 do Dallas Cowboys. Afinal de contas, problema era o que tinha de sobra: um head coach novo que não passava nenhuma confiança, Dak Prescott voltando de lesão, ataque com pontos fracos e uma defesa ainda mais capenga sem Micah Parsons. Era a receita da tragédia e, pelo menos para mim, era questão de tempo para Jerry Jones dar uma de Pica-Pau e resolver dinamitar tudo.

Cortamos para o tempo atual. Para a surpresa de ninguém – e muito menos a minha -, eu estava 75% errada. A defesa continua medonha e a tendência é que vire papelão contra equipes mais fortes. Porém, Brian Schottenheimer faz um bom trabalho neste começo de temporada, especialmente chamando o ataque. Dak Prescott está jogando o fino da bola e, caso não fosse a defesa atrapalhando, seu nome estaria mais forte nas conversas de MVP.

Uma coisa é certa: os Cowboys vão viver e morrer no tiroteio em 2025. Ninguém sabe onde isso vai dar, porém até lá, a diversão está garantida.

Explode coração, na maior felicidade…

Torcedor de Dallas tem toda a licença poética para adaptar o clássico samba-enredo do Salgueiro e completar com um “É lindo ver o Dak contagiando e sacudindo essa cidade!”, por exemplo. Está bonito de ver o quarterback jogando neste início de temporada, talvez o melhor nível da sua carreira.

Não há muito mistério no sistema de Brian Schottenheimer. Com um jogo terrestre não tão bom (apesar de Javonte Williams ser uma grata surpresa neste ano), a solução é confiar no braço de Prescott e nos seus recebedores. Um ataque extremamente pirotécnico e que sempre vai partir para o tiroteio. E que, até aqui, vem dado muito certo.

Nos últimos quatro jogos, Dak Prescott lançou 13 touchdowns e nenhuma interceptação. Ele também é o segundo da liga em jardas passadas, 5° em EPA por dropback e 6° no percentual de passes completos acima do esperado. Para além dos números, basta assistir qualquer jogo do ataque dos Cowboys que você verá um quarterback extremamente preciso tanto nos passes curtos, como também nos passes para mais de 15, 20 jardas.

É claro que os recebedores são partes essenciais nessa equação. CeeDee Lamb voltou de lesão na última semana com tudo: teve mais de 100 jardas recebidas e um touchdown. Na sua ausência, quem foi o alvo principal de Dak foi Addison Rae da NFL George Pickens. O wide receiver se mostrou uma grata surpresa neste começo de temporada. Até aqui, ele tem 36 recepções para 607 jardas e seis TDs. Mesmo número de Jake Ferguson, disparado o tight end mais subestimado da NFL hoje.

Se os Cowboys competem por algo em 2025, é exclusivamente por conta do seu ataque. Porque se depender da defesa…

A defesa mais Mandrake da NFL

Outro motivo para se divertir com os Cowboys – ou ter um ataque cardíaco, se você for torcedor do time – é a certeza que a defesa entregará muitos pontos. E às vezes, entretenimento.

O primeiro confronto contra Washington deu uma mostra de que algumas mudanças podem fazer bem para você mesmo. Até então, a defesa de Dallas mandava pouca blitz e jogava em zona na maioria dos snaps: os cernes da filosofia de Matt Eberflus, coordenador da unidade. Para isso, você precisa ter uma secundária que saiba jogar bem em zona. O problema é que os Cowboys não têm isso e o resultado não poderia ser outro: um caminhão de jardas e touchdowns. Dallas é a segunda equipe que mais tomou TDs dos adversários – 16 no total – e a terceira com maior média de pontos cedidos por jogo: 29,4.

Contra os Commanders, a situação foi diferente. A defesa mandou mais blitzes e jogou mais homem a homem, quase em 50% dos snaps. Dito e feito: Dallas conseguiu pressionar melhor Jayden Daniels (e Marcus Mariota) e, portanto, forçar mais sacks e turnovers. Foram quatro sacks e dois turnovers ao todo na partida. Um deles, a interceptação de DaRon Bland, foi retornada para touchdown: o que aumentou a vantagem no placar.

Apesar da boa performance na última semana, isso não quer dizer que esta unidade é confiável. Pelo contrário: ela é a segunda pior defesa terrestre da liga e a pior contra o passe, de acordo com o Pro Football Reference. Para piorar, os adversários após a bye week – e depois dos Raiders, na semana 11 – são Eagles, Chiefs e Lions em sequência. Confrontos nada fáceis e que, sendo honesta, não acredito que a defesa tenha bala na agulha para lidar com eles. Mas se tem uma instituição capaz de entregar muito entretenimento (e pontos), ela é a defesa do Dallas Cowboys.

Viva e morra pelo tiroteio

Na maioria dos casos, a receita ataque explosivo + defesa capenga gera um único resultado: problemas nos momentos decisivos. Foi assim que aconteceu com o Detroit Lions ano passado. Com Aidan Hutchinson se lesionando e o resto da defesa em frangalhos, o ataque precisou partir para o tiroteio. Deu certo durante a temporada regular, mas nos playoffs, faltou bala para competir contra Jayden Daniels e os Commanders. A eliminação no Divisional Round foi apenas a consequência.

Os Cowboys estão em segundo na NFC East e, mesmo com as oscilações, os Eagles seguem como os favoritos na divisão. Logo, a briga por uma vaga de wild card se torna a única opção. A grande questão é que há muita gente nessa briga, ou melhor, quem sobrar da batalha pelos títulos da NFC North e West. Isso sem contar com a NFC South: neste caso, vai depender se Panthers ou Falcons terão chances reais de playoffs (e competência também).

Para uma franquia cujo dono ama os holofotes, o Dallas Cowboys de 2025 entrega altas doses de entretenimento. É sustentável? Nem um pouco. Mas é divertido demais para não admirar.

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