Acabou a Dinastia? A Era Brady-Belichick teve fim em março deste ano com a saída de Tom Brady para o Tampa Bay Buccaneers. Belichick segue em Foxboro para fazer de seu império algo que dure para além da saída de seu Darth Vader de tanto tempo. O próximo protégé é Cam Newton, certo?
DRAFT E FREE AGENCY 2020: Mais um Draft contestado por parte dos Patriots a partir do momento que não houve movimentações para um novo quarterback. Segundo o que Belichick disse à época, não havia valor no momento em que New England estava on the clock – ou o cachorro de Belichick, no caso. A free agency foi mais um modelo belichíquico de modelo de negócio, não renovando com peças que sairiam caro, como Kyle Van Noy. Mais do mesmo, portanto.
Principal reforço: Cam Newton, QB. O contrato de Cam Newton com o New England Patriots é absurdamente baixo – 1 ano, 1,7 M – e dá margem de segurança caso tudo dê errado para que Belichick escolha um novo quarterback ano que vem. Se der certo, Newton renova e os Patriots têm toneladas de dinheiro disponível no teto salarial de 2021.
Principal perda: Tom Brady, QB. Não vamos reinventar a roda colocando Kyle Van Noy ou qualquer outra perda aqui, pelo amor de Deus. O cara é o maior quarterback da história da NFL e era parte do time desde que eu estava na 4ª série. Até em termos de cultura de vestiário é uma perda tremenda, por mais que Brady não tenha jogado bem em 2019. Ainda, houve opt-outs importantes como Dont’a Hightower e falei aqui sobre.
Cam se sentirá em casa – é sério
Pegue tudo o que você lembra de Cam Newton e jogue pela janela. A última memória de muitos deve ser a temporada de 2015, com um ataque vertical e a válvula de escape de Cam sendo, bem, ele mesmo correndo. Newton se machucou no meio da temporada de 2018 mas, como disse acima, ele vinha bem na temporada. Os Panthers tinham 6-2, brigavam por playoffs e Newton tinha as seguintes estatísticas: 67% de passes completos (marca altíssima se comparada a anos anteriores), 15 TDs e 4 INTs. Aí veio a lesão contra os Steelers e outro quarterback apareceu.
Nota algo interessante nos números acima? A porcentagem de passes completos e a razão TD/INT não é algo muito diferente de um quarterback no sistema dos Patriots, certo? Pois é. Na época, o coordenador ofensivo de Newton era Norv Turner, alguém que tem afeição pelo play-action, que colocou recebedores em movimento antes do snap e que abusou dos passes para McCaffrey, um running back. Essa sequência parece muito diferente do que você se acostumou a ver no crepúsculo da Era Brady em New England? Não.
Assim, a projeção de Newton em New England – considerando que ele esteja saudável como na primeira metade de 2018 – é boa. Agora, o resto… Bem, acho até que Newton estará acostumado nessa adaptação.
Nos tight ends, as alternativas são dois calouros – Devin Asiasi, mais recebedor; Dalton Keene, mais bloqueador – e a projeção não é fantástica, dado que tight ends calouros raramente empolgam (ainda mais quando não vieram sequer na primeira rodada). No corpo de recebedores, a unidade para além de Julian Edelman precisa melhorar muito. Sanu não lembra nem remotamente o jogador que fora em Cincinnati e Atlanta, N’Keal Harry teve um ano apagado – e com começo tardio por conta de lesão – e não há esperança no setor.
A tendência de running backs recebendo passes (James White, Rex Burkhead) deve ser seguida – e talvez seja o melhor setor do ataque, no todo. Sony Michel infelizmente tem lesões à rodo e até por conta disso os Patriots assinaram com Lamar Miller, bom jogador mas que carrega a incógnita de voltar de LCA rompido no joelho.
A linha ofensiva, por sua vez, tem bons talentos e a volta de David Andrews (C) é importantíssima – mas a unidade pode ter sofrido com a maior perda desse time em 2020: Dante Scarnecchia, um dos melhores (quiçá o melhor) técnico posicional da liga se aposentou. Scarnecchia foi prolífico em desenvolver peças da linha ofensiva. A unidade ainda perdeu Marcus Cannon, em opt-out pela COVID19.
Melhor cornerback da temporada passada, Gilmore é o líder de uma secundária que volta praticamente intacta para 2020
Não espere a mesma defesa de 2019 – embora ela ainda seja bem forte
Seguindo na tendência “torcedores, calma”, falemos da defesa. O Football Outsiders bem elencou em seu almanaque que a tendência é de queda, dado que a regressão à média é um fenômeno constante em unidades defensivas (ainda mais quando perdem peças e quando têm um número tão alto de turnovers forçados).
Kyle Van Noy, Dont’a Hightower, Danny Shelton, Jamie Collins: são perdas imensas no front patriota. Seus substitutos são ou calouros (Josh Uche/Anfernee Jennings) ou peças em evolução (Ja’Whaun Bentley, 5ª rodada em 2018). Haverá regressão especificamente aí – o que preocupa, dado que a defesa terrestre foi a kriptonita patriota (em especial nos playoffs). A ver se a magia de Belichick segue aqui.
A secundária, por sua vez, segue sendo uma das melhores da NFL. Há vários cornerbacks que estão há algum tempo no sistema e, bem, Stephon Gilmore é o melhor da NFL – com Devin McCourty sendo um dos melhores safeties da liga. A perda de Patrick Chung como canivete suíço é sentida, mas a unidade tem muita profundidade – um nome que você precisa saber, por exemplo, é do jovem e sólido J.C. Jackson. Com isso, espere por uma continuação na tendência de marcação individual, cover 0 e/ou apenas Devin no fundo do campo. A secundária terá o importante papel de marcar bem para ajudar o pass rush a chegar ao QB por manufatura e rotação – dado que não há nenhum talento fora da curva no setor.
Em resumo, é uma defesa com potencial de top 10 por conta da secundária – mas o front, em especial contra o jogo terrestre, pode ser uma preocupação relevante para o torcedor.
Como foi em 2019: (12-4, primeira posição da AFC East, eliminado no Wild Card Round pelos Titans).
Aspecto tático: Um ponto que ilustra bem como Bill Belichick é um dos melhores treinadores da liga: fundamentos. Segundo o Football Outsiders, a defesa de 2019 teve 86 tackles quebrados, menor marca da liga (e está no topo com frequência). Replicar isso com calouros e jogadores teoricamente menos talentosos será a missão de Belichick em 2020, sobretudo pelo o que vimos contra Derrick Henry em janeiro (com peças que eram melhores, em tese).
Jogo mais importante: vs Bills, Semana 16. Poderia colocar aqui os confrontos contra Seahawks, Texans, 49ers ou Chiefs. Mas tal como no ano passado, a divisão pode ser decidida na Semana 16, em casa, contra os Bills. Não tem muito o que enrolar aqui neste parágrafo: são os dois melhores elencos da divisão. Deve ser uma partida fantástica.
Pergunta a ser respondida: Cam Newton é o futuro ou um step? O ex-Panther estava jogando bem em 2018 até se lesionar contra o Pittsburgh Steelers – depois disso, nunca mais foi o mesmo. A aposta dos Patriots é baixa e o teto é altíssimo – mas ele estará saudável o suficiente? Vai pegar o complexo livro de jogadas de Josh McDaniels de maneira aceitável? Jogará bem o suficiente para manter o reinado patriota na divisão? Muitas perguntas e neste ano teremos a resposta delas.
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O que esperar em 2020?
Houve perdas importantes na defesa – Hightower, Chung, Shelton, Van Noy – mas não é como se nunca tivéssemos visto isso em Foxboro com o time se superando na sequência. Isso se deve muito a ter um franchise quarterback e a uma das melhores comissões técnicas da liga. Este segundo ponto ainda está lá, mas e o primeiro? Se Newton o for, New England tem totais condições de vencer a divisão – o problema reside na folga e na briga pela conferência, bem mais complicada pela força de Chiefs e Ravens. Brigar pelos playoffs, contudo, é o mínimo que se espera.
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