Se há cinco anos dissesse que Tom Brady, Philip Rivers e Drew Brees seriam agentes livres no mesmo ano provavelmente a repercussão seria digna da maior free agency da história. Estamos, contudo, em 2020 e esses históricos quarterbacks estão nos momentos finais de suas grandiosas carreiras, longe de apresentar grandes atuações dentro de campo.
Ainda assim, é improvável que vejamos a tríade no banco de reservas na próxima temporada e a competição pelos signal callers já apresenta alguns pretendentes – como o Oakland Raiders e o Indianapolis Colts. Quando falamos da posição mais importante do jogo, entretanto, qual o custo de oportunidade para uma franquia ao apostar em um quarterback que está no final de sua carreira? Há plausibilidade para o risco ou esse custo é alto demais e injustifica a contratação?
Sem olhar para o passado
Um dos maiores artífices estatísticos é utilizar uma base de dados equivalente a momentos passados para ser possível fornecer uma expectativa sobre o que poderá ocorrer com um determinado grupo. Para que isso seja possível, porém, é necessário analisar grupos semelhantes, de forma que não haja um entendimento errado sobre a amostra.
Poderíamos analisar as últimas free agencies e selecionar os quarterbacks envolvidos e analisar os resultados. O caso que envolve os três signal callers mencionados, todavia, é diferente; pois, nos últimos anos, não houve três grandes da posição em final de carreira como agentes livres.
Assim sendo, o mais prudente é realizar uma análise particular sobre o custo benefício de assinar um vínculo com quarterbacks que estão no final de sua carreira, mesmo que esses estejam entre os melhores da história. É necessário lembrar, afinal, que Rivers, Brady e Brees pouco ajudaram seus respectivos times em 2019: o Los Angeles Chargers mal chegou aos playoffs, o New England Patriots foi eliminado precocemente da pós-temporada – com o ataque carregado pela excepcional defesa – e o New Orleans Saints venceu todos os jogos com Teddy Bridgewater como titular enquanto Brees esteve afastado por lesão, além deste ter realizado uma péssima atuação na derradeira (e decepcionante) eliminação nos playoffs.
Assim, como os três quarterbacks estão em momentos semelhantes na esfera do futebol americano, podemos pensar em um agrupamento durante boa parte da análise, realizando avaliações separadas apenas em instantes pontuais e necessários. Agora, saindo dos secos termos técnicos, vamos à real questão que os clubes se fazem: qual o motivo para cogitar a contratação?
Marketing X Talento
É inegável que um dos principais atributos considerados para a contratação de grandes quarterbacks em fim de carreira é o marketing gerado pelo negócio, com a elevação na venda de camisetas, o aumento na procura por ingressos, as reportagens na mídia, entre outros. Pense no caso dos Raiders, por exemplo: há melhor exposição para começar seu primeiro ano em Las Vegas do que possuir o melhor quarterback de todos os tempos como seu titular?
Da mesma forma, se Drew Brees não renovar com os Saints – o que, no momento, parece improvável -, seu rosto em outra franquia geraria uma alta repercussão; até mesmo a nova franquia de Rivers sentirá esses efeitos – ainda que em menor escala. É preciso lembrar, afinal, que os clubes precisam se sustentar financeiramente e, para toda a liga, um aumento nas receitas de uma equipe é saudável; contudo, essa não é a principal variável a ser inserida na equação de contratação de quarterbacks pelas equipes.
Chega a ser óbvio dizer que o principal fator na aquisição de um jogador é o talento; por que, então, Brady, Brees e Rivers serão contratados após terem passado por uma brusca queda de produção em 2020? Com seus anos na liga chegando ao fim e as habilidades em declínio, o único motivo plausível que leva as franquias a sondar suas contratações é uma ideia de que são capazes de fornecer um bom elenco de apoio e que, com isso, os quarterbacks reviverão seus melhores dias durante, pelo menos, uma temporada. A bem da verdade, isso não é um pensamento irracional, pois a construção ofensiva foi um problema para a tríade em 2019, mas o que eleva um quarterback às prateleiras mais elevadas da posição é, justamente, o potencial de suprir os problemas de sua unidade. Durante grande parte de suas carreiras, Brady, Brees e Rivers fizeram isso, mas não há motivos para crer que seus talentos serão o suficiente para realizar o feito mais uma vez em 2020.
A bola em profundidade, por exemplo, é um fator comum de queda observado nos três nomes e que não será consertado para a próxima temporada, independentemente do elenco de apoio fornecido pelas franquias. Claro, um sistema ofensivo voltado a passes curtos pode ser instaurado, mas isso tornará o ataque previsível às defesas adversárias, limitando o potencial da unidade e diminuindo o impacto desejado no período da contratação. Isso sem contar os problemas de mobilidade, release e precisão que, naturalmente, são afetados com a idade. A experiência, a inteligência dentro de campo e a liderança são pontos de destaque em grandes nomes da posição, mas, quando pensamos em termos de título, isso não é o suficiente no atual momento da NFL, no qual a posição de quarterback possui um impacto desproporcionalmente maior – como pôde-se observar no último Super Bowl.
