Quebra de negociações com Adams: gestão dos Packers é uma bagunça

Packers tomam atitudes reativas e não conseguem passar qualquer firmeza de que tem um plano e irá o seguir. Franquia vai por caminho perigoso e que traz grandes chances de insucessos num futuro breve.

O caos parece não ter fim no Green Bay Packers. Além de toda novela envolvendo Aaron Rodgers e seu descontentamento, que inclusive o fez recusar uma extensão contratual que o tornaria o jogador mais bem pago da NFL, um novo problema surgiu. Segundo o insider Ian Rapoport, da NFL.com, o time e o wide receiver Davante Adams cessaram as conversas sobre um novo contrato para o atleta, após meses de negociação. Segundo o mesmo, as conversas não andaram como esperado e não existem planos para uma retomada.

O grande entrave parece ser o valor do salário. Matt Schneidman, do The Athletic, reportou que os Packers não quererem tornar Adams o recebedor mais bem pago da liga, evitando que seu valor chegue perto do recebido por DeAndre Hopkins no Arizona Cardinals. Se não houver novo contrato – e já está em cima da hora – Adams será agente livre ao fim da temporada ou Green Bay usará o recurso da franchise tag para evitar uma ida ao mercado. De qualquer forma, não é nada legal para a equipe ver o líder da NFL em touchdowns recebidos (18) no ano passado chegar ao training camp descontente.

Parece a economia brasileira dos anos 80

Planejamento nada, o negócio é ser free style: essa é a impressão que a diretoria dos Packers nos passa. Parece a economia brasileira nos anos 80: corta alguns zeros e vamos ver o que acontece, se a inflação sobe ou desce. Se existe um plano, ele claramente não é seguido, com movimentos reativos aos montes, sem consistência alguma. A começar pela situação de quarterback. Não vou nem entrar no mérito do talento e valor de Jordan Love, selecionado na escolha 26 do Draft de 2020. A questão é: por que diabos Aaron Rodgers não fazia ideia que estavam preparando sua sucessão e que ela começaria naquele momento?

Não é como se estivéssemos falando de um jogador qualquer: trata-se do maior quarterback da história da equipe. Com todo respeito a Brett Favre, mas Rodgers tem vantagem e está no patamar mais alto dos jogadores da posição na história. Está lá o seu lendário jogador, esperando suporte para buscar mais um título e seu time escolhe na primeira rodada, subindo para isso, um jogador de sua posição. Bem pensado o movimento não foi: alguém tinha que ter pelo menos avisado o atual titular. Mexer com o ego de uma estrela dessa forma nunca é bom.

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Vem a temporada 2020, Rodgers arrebenta e se torna MVP. Ótimo, bons resultados e tal, mas seu plano agora se chama Jordan Love, certo? Errado. A franquia vai lá e oferece um mega contrato para o veterano, que não aceita, deixando todo front office com cara de bobo. Ninguém sabe se Rodgers irá se apresentar no traning camp. Ninguém sabe muita coisa nos Packers: uma bagunça descomunal.

Não existem motivos para não pagar Adams. Com 28 anos, Davante tem 7 temporadas na NFL, tendo 4 para mais de 1000 jardas e 10 touchdowns. É reconhecido como um wide receiver top-3 por 99% dos analistas e é dono de uma técnica correndo rotas que o deixa constantemente livre. Um recebedor destes é tudo que o seu quarterback jovem precisa quando começar a entrar em campo, para desenvolver confiança e ter alguns de seus erros corrigidos. Green Bay discorda disso tudo e não é dinheiro o problema.

A folha salarial está apertada para 2021, mas isso não é desculpa: basta fazer como o San Francisco 49ers fez com Fred Warner, assinando uma extensão e não uma substituição, que o dinheiro começa a pesar somente a partir de 2022, quando o espaço na folha salarial será de US$ 208 milhões. Além disso, diversos veteranos tem contratos bons para corte no ano que vem, o que seria suficiente para alocar o contrato de Adams.

Novamente Green Bay toma decisões equivocadas e isso pode cobrar seu preço em breve. É hora de repensar o modelo de gestão e quem cuida da parte estratégica da franquia. Se em 20 anos com Favre e Rodgers foram só duas idas ao Super Bowl, imaginem agora sem eles e sem ter um plano a seguir: o limbo é um grande risco.

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