Para variar, é impossível dizer como será a temporada do Houston Texans. Por mais que Bill O’Brien tenha cometido diversos erros na última offseason, a franquia ainda possui Deshaun Watson – o que já é o suficiente para um ano competitivo. Em 2020, o quarterback precisará ser praticamente perfeito para dar maiores aspirações à equipe, mas, para quem está acostumado a fazer magia, uma temporada esplêndida não é um sonho tão distante assim.
DRAFT E FREE AGENCY 2020: A intertemporada de Houston começou de forma tenebrosa com a inexplicável troca de DeAndre Hopkins por David Johnson. D. J. Reader, um dos pilares defensivos, também deixou a equipe. Randall Cobb, Brandin Cooks e Eric Murray chegaram para trazer profundidade ao elenco.
Considerando a falta de escolhas, os Texans fizeram um recrutamento sólido. Ross Blacklock e Jonathan Greenard são bons prospectos para a linha defensiva, e John Reid mostra flashes promissores como nickelback, podendo assumir a posição na metade da temporada.
Principal reforço: David Johnson, RB. Esquecendo a troca, Johnson é o nome que pode ter o maior impacto no ataque de Houston em 2020, especialmente no jogo aéreo. Quando saudável, o running back foi selecionado ao All-Pro e teve mais de 2000 jardas de scrimmage – o empecilho é que isso ocorreu em 2016.
Principal perda: DeAndre Hopkins, WR. Hopkins criara uma química incrível com Deshaun Watson e fora selecionado ao All-Pro desde 2017. Mesmo o desejo de um novo contrato não é motivo para troca e os Texans perdem um dos melhores recebedores da NFL. Sua ausência no ataque pode resultar em uma pane ofensiva nos momentos decisivos.
Deshaun Watson será a régua do ataque
Por pior que tenha sido a troca por Hopkins, ainda há luz no ataque dos Texans.
A linha ofensiva vem ganhando estabilidade e o entrosamento decorrente da manutenção dos titulares auxiliará na melhora da unidade. Os valores envolvidos na troca e no contrato de Laremy Tunsil são (muito) questionáveis, porém, é inegável que ele trouxe segurança para o lado cego de Deshaun e isso auxiliou os calouros Max Scharping e Tytus Howard a iniciarem suas carreiras com o pé direito.
Uma linha forte é essencial para auxiliar o jogo corrido em 2020. Com Tim Kelly no comando das chamadas, o ataque terrestre não será privilegiado como o era com O’Brien, mas isso não significa que ele é pouco importante. David e Duke Johnson são capazes de conseguir um bom número de jardas por carregada, ainda mais quando a defesa adversária leva em conta a excelência de ambos recebendo passes, o que reduz a probabilidade de encontrarem boxes lotados.
Pensando no suporte aéreo, o grupo de wide receivers é muito qualificado. Brandin Cooks e Will Fuller são excepcionais esticando o campo, contudo, não é possível contar com plena saúde de ambos. Kenny Stills será o “faz-tudo”, pois possui capacidade de explorar todas as zonas defensivas e Randall Cobb é uma boa arma no slot. O tight end Darren Fells continuará sendo um ótimo alvo na red zone; já seus companheiros de posição, Jordan Akins e Thomas, podem produzir mais.
Como pode ser visto, apesar dos problemas, o talento existe. Para melhorar, Deshaun será o responsável por elevar o grupo ao seu redor e ele já provou que pode fazer isso, mesmo nos previsíveis ataques de O’Brien. Sob o comando de Tim Kelly, é esperado que Watson dê mais um salto de produção, pois o coordenador ofensivo trabalha com o quarterback há algum tempo e sabe quais são seus pontos fortes.
Por fim, Deshaun precisará ser um grande líder. Sem Hopkins, ele é a maior fonte de talento ofensiva e não mais possuirá um alvo de confiança nos momentos cruciais. Watson cresceu muito de produção desde sua chegada na liga, mesmo com O’Brien puxando seu freio com um ataque conservador; em 2020, ele possui a chance de deslanchar de vez, superando todas as adversidades.
Watt volta para mais uma temporada depois de perder tempo por lesão no ano passado. Para além dele, os Texans precisam mostrar mais.
Defesa precisa perder a dependência de J. J. Watt
Soa estranho pedir que uma unidade não tenha sua produção altamente correlacionada com as atuações de um dos maiores defensores da história. Os problemas de lesão de J. J. Watt nos últimos anos, entretanto, colocam a defesa de Houston nessa situação e isso será um repetido risco em 2020.
Sob nova direção, Anthony Weaver substituiu Romeo Crennel, a unidade deve deixar antigas tendências de lado pelas limitações do elenco – como o alto uso de marcação homem-a-homem e de três jogadores na pressão ao quarterback – o que reduzirá seus problemas. Ainda assim, a defesa não é recheada de talento e permanecerá dependente da saúde de Watt, pois, quando em campo, o futuro membro do Hall of Fame segue impactante, como pôde ser visto na vitória contra o Buffalo Bills, nos playoffs.
Não é possível dizer que no front defensivo falta qualidade, já que Whitney Mercilus é sólido, Zach Cunningham cresceu de produção e Charles Omenihu teve bons momentos em sua temporada de calouro. Só que, sem Watt, o pass rush é medíocre. Será necessário que Blacklock e Greenard tenham um bom início para que esse cenário seja alterado.
Além disso, Houston não sabe o quanto pode confiar em sua secundária, mesmo com o plantel possuindo bons talentos. Justin Reid, Gareon Conley e Bradley Roby são titulares de qualidade, e, se John Reid ascender como nickelback, há um futuro garantido no setor. O problema é que a profundidade é escassa e esses mesmos nomes estavam dentro de campo em 2019, quando a defesa aérea da franquia foi a sétima pior da NFL, em DVOA (estatística do Football Outsiders).
É possível que Weaver consiga extrair sumo da defesa dos Texans e a unidade não deve piorar em relação ao último ano. Crennel fez um trabalho tenebroso em 2019 e chagou até os melhores nomes do elenco. Resta saber, assim, como estará a saúde de Watt, pois ele, mais uma vez, será essencial para o sucesso defensivo.a
Como foi em 2019: (10-6, primeira posição da AFC South, Rodada Divisional)
Aspecto tático: O esquema tático de Tim Kelly definirá o quão eficiente será o ataque dos Texans. O play-action deve – e precisa – ser mais utilizado, tal qual a movimentação pré-snap, pois o grupo de wide receivers possui muita velocidade e isso espaçará mais as defesas. A spread offense é fundamental para a maior eficiência de Watson e casa com a NFL moderna.
Jogo mais importante: @ Kansas City, semana 1. Esse confronto abrirá a temporada e possui implicações altíssimas para Houston. Vingar a traumática eliminação e iniciar o ano com uma vitória sobre Patrick Mahomes elevará a moral do time, além de mostrar seu real poder. Ademais, os Texans encaram, em sequência, Baltimore Ravens e Pittsburgh Steelers, dobrando o peso de cada vitória nesse período.
Pergunta a ser respondida: Deshaun Watson vai superar seus próprios limites? Desde sua entrada na NFL, Watson sempre esteve entre os melhores quarterbacks da liga, repetindo suas atuações fantásticas e reduzindo seu repertório de erros. Em 2020, isso não será suficiente para que os Texans tenham maiores ambições: Deshaun precisará superar seus próprios limites e transcender – e se fizer isso, temos um frontrunner para o prêmio de MVP.
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O que esperar em 2020?
Por vezes, Houston é um time mais subestimado do que a média, em virtude dos erros de O’Brien como general manager. Mesmo não estando no patamar dos favoritos na AFC, os Texans podem aspirar sonhos altos em virtude do talento de Watson, ainda mais se a defesa não comprometer como em 2019. O 8-8 seria o cenário racional, só que a NFL não se preocupa com o óbvio, então não se surpreenda caso Deshaun leve o time às 12 vitórias.
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