Neste ano, durante toda a temporada, teremos uma coluna semanal dedicada à avaliação da performance dos quarterbacks. A ideia é discutir, baseado em achados extraídos da análise dos vídeos dos jogos, as características dos atletas que determinam seu sucesso (ou fracasso) na liga.
Além de uma visão geral sobre os passadores na semana em questão, teremos alguns destaques individuais, tanto positivos quanto negativos. Claro, como não pode deixar de ser, levaremos sempre em consideração o sistema ofensivo empregado pelas equipes, assim como a qualidade do elenco ofensivo. Estes fatores impactam de maneira fundamental o que os quarterbacks mostram em campo e, na medida do possível, iremos contextualizar as estatísticas (e resultados) dos jogadores dentro desta realidade.

Semana 10: Visão Geral
Semana de jogos muito interessantes na liga. O duelo de quarterbacks que mais prometia, entre Drew Brees e Tyrod Taylor, teve um lado só. O New Orleans Saints passou com facilidade pelo Buffalo Bills, em uma partida em que o jogo corrido e a defesa foram os pontos determinantes. O outro confronto destacado foi aquele que colocou frente à frente Matt Ryan e Dak Prescott. Dallas sofreu com a ausência do running back Ezekiel Elliott e, principalmente, do tackle Tyron Smith. Prescott foi pressionado constantemente, com destaque para os 6 sacks obtidos por Adrian Clayborn. Matt Ryan conseguiu bom ritmo, em uma das suas melhores atuações no ano.
No entanto, o melhor jogo sob o ponto de vista dos quarterbacks foi o confronto entre Minnesota e Washington, Kirk Cousins foi bem, apesar da derrota, em um embate contra uma das melhores defesas da liga. Case Keenum, vitorioso na partida, mostrou mais uma vez ser capaz de, contando com um elenco talentoso, “fazer o time andar”. Mais sobre ele logo ali embaixo.
Desde a perda de Deshaun Watson para a contusão no joelho, esta foi a melhor semana dos quarterbacks calouros. Os três calouros que atuaram nesta semana (Mitchell Trubisky, DeShone Kizer e C.J. Beathard) tiveram suas melhores atuações na NFL.
Vamos em frente então.
Sob o microscópio: Case Keenum
A situação dos Vikings na posição de quarterback é uma das mais curiosas da liga. No início do ano, Sam Bradford era o titular. Após um bom início de ano, Bradford de machucou, havendo dúvida se conseguiria retornar ainda em 2017. Isto até a semana passada, quando foi colocado na lista de contundidos. Desde a contusão de Sam Bradford, Case Keenum ocupou a posição em Minnesota. Keenum é o exemplo do que se convencionou chamar de “journeyman”: um quarterback em geral reserva, mas que vez por outra assume a titularidade nas diversas equipes pelas quais atua. No caso de Keenum, além dos Vikings, também jogou por Texans e Rams.
Depois da grande vitória deste domingo sobre Washington, estamos em um bom momento para avaliar a performance de Case Keenum e, principalmente, o que esta performance pode representar para o futuro dos Vikings na temporada 2017.
Vamos começar pelo ponto principal: Case Keenum não é um grande quarterback. Jamais será um top 10 da liga (quiçá top 20). Mas isso não significa que, ao comandar um elenco talentoso, ele não possa ser um quarterback eficiente. E é isso que Keenum mostra, não apenas no jogo de domingo, como ao longo da temporada. Os Vikings têm uma defesa fortíssima, e um ataque com peças excelentes.
Contra Washington, Case Keenum mostrou suas maiores qualidades. O quarterback tem um release eficiente, tomando decisões rápidas no pocket. Ainda que não seja muito atlético, apresenta uma movimentação “enxuta” dentro do pocket, o que permite que consiga escapar da pressão em algumas situações. Keenum tem boa precisão em passes curtos, embora perca muito em acurácia em lançamentos mais longos. A potência de seu braço não é grande coisa, mas consegue boa velocidade em passes intermediários para o meio do campo. Nas extremidades, entretanto, a pouca força aparece de maneira mais clara, com frequentes passes flutuantes.
Keenum terminou o jogo com 21 passes completos em 29 tentativas, para 304 jardas, 4 passes para touchdown e duas interceptações. O grande mérito do quarterback foi o de saber utilizar as armas ofensivas dos Vikings. Contanto com uma linha ofensiva que evoluiu muito nesta temporada, Keenum teve tempo para achar os ótimos recebedores da equipe. O veloz Stefon Diggs é capaz de conquistar muitas jardas após a recepção. Já Adam Thielen é o que se pode chamar de “apagador de precisão”. Basicamente é o seguinte: se o quarterback jogar a bola mais ou menos na direção de Thielen, o wide receiver completa a recepção. Isto vem da soma entre ótimas mãos e um “raio de recepção” (área em torno do corpo do jogador em que consegue segurar a bola) amplo.
Além de Thielen e Diggs, os Vikings contam com o bom tight end Kyle Rudolph e, particularmente no jogo de domingo, com um plano ofensivo criativo, que ajudou bastante na boa atuação do quarterback. Dois bons exemplos disto são os passes que Case Keenum acertou para os touchdowns marcados por Jarius Wright (um screen bem desenhado na red zone) e David Morgan (um play fake em que Morgan simulou o bloqueio antes de ficar livre na endzone). Bons desenhos de jogadas deixaram o quarterback com passes simples para executar (os quais, por sua vez, Keenum de fato executou bem).
No final do jogo, em contrapartida, pudemos ver outro lado de Case Keenum. Com sua equipe em vantagem, caminhando para garantir a vitória sem maiores problemas, Keenum lançou duas interceptações em passes muito ruins. Considerando que o maior atributo do quarterback dos Vikings deveria ser o de não atrapalhar muito, estes erros têm um impacto muito grande.

Justamente nesta questão está o ponto fundamental para o futuro da equipe nesta temporada. Até onde Case Keenum pode levar os Vikings? Essa pergunta aumenta de importância em um momento em que Teddy Bridgewater está voltando a ter condições de jogar. O quarterback, que sofreu uma gravíssima contusão no joelho antes da temporada 2016, voltou ao elenco nesta última semana. Agora vai ficar a dúvida sobre qual o caminho a seguir no resto do ano. Case Keenum já mostrou que pode conseguir bons resultados liderando a equipe na temporada regular. Não é à toa que a equipe está em posição excelente para conquistar o título da divisão.
Agora, uma troca para Teddy Bridgewater pode mudar tudo. Primeiramente, com que ritmo de jogo estará o quarterback? Há uma grande chance de que ele esteja algo “enferrujado”. Por outro lado, um Bridgewater em forma, jogando o que já mostrou que pode, transforma imediatamente o Minnesota Vikings em um dos favoritos ao Super Bowl. E olha que o Super Bowl esse ano é em Minnesota.
Para esta semana, no entanto, já temos uma decisão. No difícil jogo contra o Los Angeles Rams, Case Keenum será o titular. Vamos ver o que acontecerá se Keenum não for muito bem durante o jogo.

De olho nos calouros
Que semana para os calouros. Os três tiveram boas atuações. Mitchell Trubisky foi bem contra os Packers, completando pela primeira vez passes com bom ritmo. No passe para touchdown que lançou, mostrou boa potência e colocação. Trubisky mostrou-se um quarterback de NFL, pela primeira vez no ano.
DeShone Kizer, frequentemente submetido às idiossincrasias dos Browns, também jogou bem. Já disse aqui que sou admirador de Kizer. Assim, fico feliz de vê-lo evoluindo em uma temporada muito difícil.
Finalmente, C.J. Beathard. Semana passada achei que tinha sido a última chance de Beathard, com a chegada de Jimmy Garoppolo. Estava errado. Beathard foi muito bem contra os Giants, dominando a defesa. Acho que vai dar pra deixar Garoppolo aprender com tranquilidade o playbook da equipe antes de assumir a posição.
Troféu “parece Madden no nível amador” – Melhor da semana
Tom Brady
Em Denver, contra a forte defesa dos Broncos, Tom Brady deu aula de qualidade, mas, principalmente, de experiência. Comandando a vitória dos Patriots, Brady utilizou as leituras antes do snap para escolher onde ir com a bola, distribuiu passes de maneira inteligente entre seus recebedores e desequilibrou a defesa usando o “hurry up” em momentos selecionados.
Tecnicamente, não foi a melhor partida de Tom Brady. Vários passes baixos chamaram a atenção. Ainda assim, por esquema e leitura, o estrago já estava feito. Foi a atuação de um veterano, que domina o que acontece em campo não importando as condições que o cercam.
Menções honrosas: C.J. Beathard – San Francisco 49ers / Jared Goff – Los Angeles Rams
Troféu “TEEEEBOOWWW!!!!” – pior da semana
Tom Savage
Devo admitir que deu vontade de “premiar” Brock Osweiler mais uma vez, mas seria injusto. Osweiler foi até “menos horrível” no jogo do domingo à noite. Já Tom Savage… não tem desculpa. O quarterback do Houston Texans foi péssimo no jogo de domingo. O ataque quase imparável até duas semanas, sob o comando de Deshaun Watson, é agora o mais anêmico da liga. Savage completou 50% dos passes, e suas duas interceptações poderiam ter facilmente sido cinco ou seis.
A temporada dos Texans parece muito claramente estar indo para o buraco sob o comando de Tom Savage. Pena que não tem nenhuma opção de quarterback no mercado…
Menções “desonrosas”: Josh McCown – New York Jets / Tyrod Taylor – Buffalo Bills .
Olhando para a semana 11
Jogão já na quinta-feira. Titans e Steelers. Ben Roethlisberger segue irregular, mas sempre promete os passes em profundidade. Já Marcus Mariota, que começou mal, está jogando muito bem nas últimas semanas.
Além disso, Vikings e Rams promete ser bem legal também. Jared Goff contra uma das defesas mais fortes da NFL. E Case Keenum, nosso “microscopado” de hoje, com mais uma chance de se mostrar capaz de levar a equipe à frente.
Ah, e teremos mais um calouro fazendo sua estreia como titular. Nathan Peterman será o titular dos Bills diante do Los Angeles Chargers. Pois é. Os Bills anunciaram que Tyrod Taylor vai para o banco. Devo confessar… estou chateado com isso. Tyrod merecia mais consideração da parte dos Bills. De qualquer forma… semana que vem tem mais.
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