[dropcap size=big]É[/dropcap] oficial: pela primeira vez desde 2008, teremos uma pós-temporada sem o Green Bay Packers. Antes respirando por aparelhos após a derrota diante dos Panthers, no domingo, a franquia viu qualquer chance de chegar ao mata-mata se extinguir na segunda-feira, graças a vitória dos Falcons sobre os Buccaneers. Com um campanha 7-7, Green Bay não consegue mais ultrapassar Carolina (10-4) e Atlanta (9-5), atualmente os dois Wild Cards da Conferência Nacional – na NFC North, os Vikings já se sagraram campeões.
A lesão de Aaron Rodgers sem dúvida foi uma das maiores responsáveis pela frustrante e prematura eliminação – porém, esteve longe de ser o único motivo para o fracasso dos Packers em 2017. Caso você tenha passado os últimos dois meses em Marte, vamos relembrar rapidamente o que aconteceu. O quarterback quebrou a clavícula na semana 6, durante um duelo contra os Vikings. Rodgers, então, passou por cirurgia e ficou afastado por sete partidas, só retornando no último domingo, depois de uma recuperação relâmpago. Com Brett Hundley titular, a equipe acumulou quatro derrotas e três vitórias.
Os Packers não foram um bom time de futebol americano em 2017.
Green Bay, entretanto, não pode colocar tudo na conta da ausência do seu signal caller titular. A verdade pura e simples é que, no geral, os Packers não foram um bom time de futebol americano em 2017. Eles voltaram a apresentar os mesmos defeitos que atrapalham a franquia há algum tempo, defeitos estes que quase os deixaram fora dos playoffs em 2016. Isso ficou claro no confronto com Carolina, pois nem o aguardado retorno de Rodgers foi o suficiente para evitar a derrota – o quarterback já havia avisado que ele não seria o salvador da pátria[note]http://www.nfl.com/news/story/0ap3000000892660/article/aaron-rodgers-im-not-coming-back-to-save-packers Acesso em: 19/12/2017[/note].
A melancólica temporada de Green Bay ilustrada pelo revés contra os Panthers
Antes de mais nada, é preciso deixar claro que não estamos eximindo Rodgers da sua parcela de culpa. As três interceptações diante de Carolina vão direto para a sua conta: na primeira, ele tomou uma decisão ruim e forçou um passe quase impossível de ser completado, enquanto nas outras lançou dois underthrowns, ou seja, duas bolas curtas demais para seus recebedores.
O três turnovers contribuíram decisivamente para a derrota e deram a impressão que Rodgers ainda estava um tanto “enferrujado”, sem ritmo de jogo e sem condições físicas ideais, pois não são erros típicos de um quarterback da sua qualidade – ele não era interceptado três vezes na mesma partida desde 2009. Talvez a pressa para voltar aos gramados tenha cobrado seu preço, talvez Rodgers só tenha vivido uma tarde ruim. Enfim, é difícil afirmar qualquer coisa com 100% de certeza sem maiores informações médicas.
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Porém, turnovers à parte, Green Bay não fez muito para facilitar a vida de seu quarterback. Em primeiro lugar, vamos falar da defesa. Os Packers são a quinta equipe que mais cederam passes para touchdown em 2017 (26). No domingo, eles permitiram quatro lançamentos para touchdown de Cam Newton, incluindo uma recepção de 30 jardas de Greg Olsen na qual o tight end estava ridiculamente livre na beira da end zone. As gafes da secundária eram algo constante já no ano passado e, como podemos notar, não foram consertadas nesta temporada. Ademais, pensando em outras características defensivas, a franquia não se destaca em nenhuma, sendo no máximo um pouco acima da média em um ou outro atributo.
Do outro lado da bola, as coisas também não vão bem nos quesitos ataque terrestre e linha ofensiva. Sim, os Packers têm o direito reclamar da falta de sorte e das inúmeras lesões de running backs e offensive linemen, mas isso acontece com quase todo mundo no futebol americano. Ao todo, o time cedeu 46 sacks em 2017, terceira pior marca da liga. Considerando que Rodgers e Hundley são jogadores com boa mobilidade e capacidade de fugir da pressão, esse número é ainda mais alarmante. O jogo corrido, por sua vez, é apenas mediano e não costuma colocar muito medo nos adversários, embora Aaron Jones tenha colecionado algumas boas apresentações ao longo do ano.
Contra Carolina, Rodgers foi sackado três vezes e muito pressionado pelas constantes blitzes do adversário – o signal caller encarou cinco ou mais defensores em 31 dos seus 53 dropbacks[note]https://www.profootballfocus.com/news/pro-refocused-carolina-panthers-31-green-bay-packers-24 Acesso em: 19/12/2017[/note]. Além disso, lançou 45 passes. Em contrapartida, Green Bay só correu 19 vezes – Jones foi o mais prolífico com 47 jardas em três tentativas, enquanto o próprio Rodgers foi o segundo mais efetivo com 43. Está aí uma receita para o desastre, afinal não é muito indicado obrigar seu quarterback recém-operado a lançar 45 bolas e ficar 60 minutos apanhando de uma defesa como a dos Panthers.
Sem Rodgers 100%, Green Bay é uma equipe comum?
Olhando para a tabela dos Packers, podemos perceber como a temporada foi abaixo das expectativas. Por exemplo, o time de Wisconsin tem três vitórias na prorrogação sobre Bengals, Browns, e Buccaneers, adversários que, somados, possuem nove triunfos em 2017. Diante de oponentes mais qualificados, como Falcons, Saints, Vikings, Ravens e Panthers, Green Bay foi sistematicamente dominado. E não adianta colocar a culpa só na ausência de Rodgers, pois ele estava under center em algumas dessas partidas. As únicas atuações convincentes contra equipes fortes foram a vitória em cima de Dallas e a derrota para Pittsburgh.
Diante de oponentes mais qualificados, como Falcons, Saints, Vikings, Ravens e Panthers, Green Bay foi sistematicamente dominado.
Com tantos defeitos a serem resolvidos e uma instabilidade que não existia até pouco tempo atrás, é possível imaginar que, hoje, Green Bay está se tornando um time apenas comum, na média, o qual depende da genialidade de seu quarterback para sonhar com voos mais altos. Desde de 2016, não estamos vendo mais aquele bicho-papão que era quase uma certeza de título da NFC North.
Se quiser evitar o agravamento da situação, tal como ocorreu com os Saints e a “Drew Brees dependência” dos últimos anos, a franquia precisa começar a se reinventar agora, fazendo Drafts mais sólidos, reforçando melhor o elenco e solucionando problemas recorrentes, como a secundária e a linha ofensiva. Se 2017 nos ensinou algo, é que não dá para depender de um “Run the Table” e dos milagres de Aaron Rodgers todo ano.
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