Um dos dilemas contratuais da free agency de 2020 chegou ao seu fim. No último final de semana, ficou acordado entre Dallas Cowboys e Byron Jones que o vínculo entre as partes não seria estendido – nem mesmo por meio da franchise tag –, pois a franquia não possui condições de arcar com as demandas salariais do cornerback. Jones possui um valor de mercado projetado de $14 milhões, segundo o site Spotrac, mas deve ter um contrato assinado por um valor ligeiramente maior – entre $16 e $18 milhões de dólares – devido a baixa oferta de jogadores de qualidade da posição na free agency, somada à demanda alta das franquias e à classe com poucos nomes de primeiro dia no Draft – com exceção, obviamente, de Jeff Okudah.
Com a separação confirmada, é necessário entender o que levou Dallas a não renovar com o talentoso cornerback e quais serão as consequências para a temporada de 2020. Ainda há muito a ocorrer nesta intertemporada, mas a saída de um jogador importante sempre é um grande baque e a responsabilidade sobre o ataque e Mike McCarthy se tornará ainda maior.
Por que não renovou? Dentro do guia da free agency disponível em nosso site, o qual organiza os 50 melhores atletas disponíveis no mercado, os Cowboys possuem três jogadores dentro do top-10: Dak Prescott, Amari Cooper e, claro, Byron Jones. Possuindo, aproximadamente, $74 milhões de dólares disponíveis no salary cap para esta temporada, Jerry Jones poderia buscar uma maneira de encaminhar as três renovações nesta intertemporada, mas a situação começaria a tornar-se insustentável nos anos subsequentes e engessaria o futuro da franquia. Com um limite intrínseco nas renovações, o dono e general manager da franquia resolveu focar na parte ofensiva e deve começar a trabalhar as renovações de Dak e Cooper nos próximos dias. Com esse foco, Byron acaba sobrando.
Quais as consequências?
Vale frisar que a defesa dos Cowboys não repetiu as atuações formidáveis de 2018. Falando sobre Jones em si, é verdade que ele não teve nenhuma interceptação no último ano em decorrência de ser evitado pelos quarterbacks oponentes, o que resultou em seus modestos números de 6 passes desviados, 1 fumble forçado e nenhuma interceptação. Quando alvejado, contudo, o cornerback permitiu que apenas 53,1% dos passes fossem completados, para modestas 135 jardas depois da recepção: a solidez foi escondida dos números brutos.
Com sua saída, os Cowboys perdem o peso de um cornerback primário e há uma consequência grave por trás: como já dito, o talento para uma substituição é escasso, tanto na free agency quanto no Draft. A bem da verdade, há alguns nomes interessantes como agentes livres para a posição, como Chris Harris Jr., Logan Ryan e Bradley Roby; porém, nenhum deles possui o quociente de talento/idade que Jones agregará a sua próxima franquia, o que aumentará o custo benefício envolvido. Dessa forma, Dallas será obrigado a buscar um talento de menor valor e com boa qualidade, mas que não sanará eventuais problemas na posição primária, como Bashaud Breeland, campeão do último Super Bowl com o Kansas City Chiefs.
Ademais, o Draft não é extremamente convidativo para quem deseja suplantar os problemas na posição logo na primeira rodada. Possuindo a 17ª escolha geral, é inviável que a franquia busque Jeff Okudah: o grande talento do setor que sairá no top-5 do recrutamento. Assim, a Dallas poderia selecionar Jeff Gladney, cornerback de TCU, um atleta que se assemelha com as características de Jones: extremamente físico e atlético, mas que ainda possui as deficiências técnicas a serem corrigidas. Gladney pode se tornar um bom substituto com o passar do tempo, mas exigir que o mesmo seja a solução para o setor logo de cara beira o devaneio e, se essa for a aposta da franquia, a qualidade da secundária no início do ano será comprometida, mesmo com um talento seguro para o futuro.
Sem Jones, a defesa dos Cowboys dá mais um passo para trás e apresenta-se como o calcanhar de Aquiles da franquia em 2020, se um bom trabalho ao longo da intertemporada não for realizado por Jerry Jones. Com uma linha defensiva carente de peças no interior e uma secundária sem nomes de peso, o jogo aéreo adversário será muito convidativo e a tríade de contratos renovados – Prescott, Elliott e Cooper – precisará carregar o fardo magistralmente no ataque. A situação dos Cowboys, realmente, dificultava uma renovação com Jones, mas sua perda representará uma queda de qualidade grande e imediata na secundária, o que pode afetar as pretensões da franquia para a próxima temporada.
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