STEELERS ARRISCAM COLOCANDO FRANCHISE TAG EM BUD DUPREE

Mesmo com apenas um ano de produção, Pittsburgh não vai deixar seu edge ir ao mercado e tentará acordo

Temerária. Essa é a melhor definição que encontrei para decisão do Pittsburgh Steelers em colocar a franchise tag no edge Bud Dupree. Segundo a insider da ESPN americana Jenna Layne, a franquia da Pensilvânia fará uso da ferramenta enquanto negocia um novo contrato com o jogador. Em 2019, Dupree teve seu melhor ano, conseguindo 11 sacks e sendo peça importante na boa defesa montada por Mike Tomlin.

Como está listado oficialmente como linebacker (na antiquada nomenclatura usada oficialmente pela NFL), seu salário em 2020 caso jogue pela tag, será de aproximadamente 16 milhões de dólares.

POR QUE É UM MOVIMENTO ARRISCADO?

Simples: antes da última temporada, Dupree nunca havia feito nada que fizesse valer esse dinheiro que irá receber. O histórico de jogadores que jogam bem em seu último ano contratual e depois de receberem uma generosa renovação não é pequeno. Apenas para não irmos tão longe nos exemplos: Joe Flacco recebeu um contrato de 120 milhões de dólares por seis anos no Baltimore Ravens após vencer o Super Bowl XLVIII. Era seu último de vínculo com os Ravens e o quarterback teve uma das melhores performances da história da pós-temporada. Depois do contrato, ladeira abaixo e hoje está encostado como reserva no Denver Broncos.

No lado defensivo da bola, o exemplo mais emblemático é do defensive lineman Albert Haynesworth. Em 2008, em seu último ano com o Tennesse Titans, ele dominou a liga: foram 8 sacks,  22 QB hits e 51 tackles (sendo 22 para perda de jardas). Números muito superiores ao que tinha mostrado nos cinco primeiros anos. Fora isso, seu histórico apontava para um jogador com desvios de caráter e pouca ética de trabalho. Já havia inclusive sido suspenso em 2006 por pisar num jogador do Dallas Cowboys e em 2003 tinha tentado chutar um colega de time no training camp.

O Washington Redskins ignorou todos esses fatores e lhe deu um contrato de sete anos, pagando 100 milhões de dólares, em 2009. Haynesworth então não quis participar dos treinos de pré-temporada e não passou no teste físico, se apresentando totalmente fora de forma. Reclamou do sistema defensivo, brigou com o head coach Mike Shanahan e acabou suspenso. Terminou o ano com 13 tackles e 2,5 sacks, sendo trocado por uma escolha de quinta rodada antes da temporada seguinte. Nunca mais produziu nada na NFL, mas saiu com bolso cheio.

PREOCUPA?

Se considerarmos o histórico do jogador dos Steelers, existem muitos fatores que causam preocupação. Em seus quatro primeiros anos, ele conseguiu 20 sacks totais; em 2019 foram 11, mais de 50% de tudo que fez nas temporadas anteriores. Contra o jogo corrido, 68 tackles, superando em muito sua melhor marca, que era de 42. Vale frisar que não existiu nenhuma mudança significativa no sistema defensivo que justificasse tamanho crescimento. O coordenador defensivo Keith Butler está lá desde 2015 e as diretrizes seguem similares ano após ano.

Podemos considerar que sua melhora passa por uma secundária mais eficiente – dando mais tempo para o pass rush. Afinal, depois de serem apenas a décima sétima melhor defesa em eficiência contra o passe em 2018 segundo o site Football Outsiders, os Steelers terminaram 2019 como a terceira no quesito. Justificar dizendo que a secundária melhorou por conta do pass rush não é tão válido: os mesmos jogadores vitais estavam na linha de scrimmage em 2018. Já no fundo do campo, as adições de Minkah Fitzpatrick e Steven Nelson foram fatores primordiais na evolução da unidade.

Não consigo concordar com pagar caro para um pass rusher que precisa de um sistema todo ao seu redor funcionando para ter impacto. Como comparação, seu salário em 2020 se equiparará ao de Chandler Jones, que teve 19 sacks na última temporada, mesmo jogando pelo Arizona Cardinals. Com pouco capital no próximo Draft (apenas uma escolha no top 100), a ânsia por não conseguir a reposição adequada pode estar afligindo a comissão técnica. 

Essa aflição soa exagerada: com a escolha geral 49, na segunda rodada, o time pode conseguir valores Curtis Weaver (Boise State) ou Julian Okwara (Notre Dame). Fechando com um free agent mais barato que Dupree, os Steelers podem seguir a velha forma de Bill Belichick: manufatura de edges, conseguindo eficiência baseada em rotação. Me soa muito melhor que arriscar por um jogador que só brilhou por uma vez e que se não der certo, será um arrependimento longínquo.

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