Relembre o caminho dos Patriots até o Super Bowl LIII

Equipe de New England teve percalços, mas se redescobriu na pós-temporada

Em via de regra, foi um ano comum em Foxborough. Os Patriots começaram o campeonato mal, recuperaram-se ao longo da temporada regular, chegaram voando em dezembro, atropelaram nos playoffs e rumaram a mais um Super Bowl – o quarto nos últimos cinco anos. Em suma, é a mesma história de sempre: algumas derrotas feias que assustam, completo domínio dentro da AFC East, uma das melhores campanhas da conferência e Super Bowl.

A maior diferença para outros anos, porém, foi o fato de New England ter feito tudo isso com um elenco reconhecidamente mais fraco em comparação a outras temporadas. Em 2017, por exemplo, a franquia investiu pesado na offseason como poucas vezes se viu e montou um time fortíssimo; em 2018, por outro lado, foi o contrário: saída de atletas importantes na free agency, além de muitas lesões, deixaram o plantel bastante debilitado em várias ocasiões, principalmente no ataque. Ainda assim, os Patriots foram se adaptando às suas próprias carências e criaram uma surpreendente identidade terrestre de dezembro para cá, o que sem dúvida foi determinante para mais uma ida à final da NFL.

Relembraremos hoje a trajetória da franquia até o Super Bowl LIII, passando pelos seus momentos grandiosos, como as duas vitórias sobre Kansas City, e os seus momentos esquecíveis – como Rob Gronkowski jogando de safety contra Miami.

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Início difícil e o trauma de atuar fora do Gillette Stadium

A principal característica dos Patriots de 2018 foi a sua bipolaridade perto e longe de seus domínios. Dentro do Gillette Stadium era um time, fora era outro totalmente diferente – e muito pior, no caso. Durante a temporada regular, a única vitória fora de casa realmente relevante e sem ser contra um adversário da AFC East aconteceu diante dos Bears. Com todo o respeito, mas os triunfos sobre os fracos Bills e Jets foram meramente protocolares.

Não por acaso, New England começou o ano 1-2. As derrotas vieram em apresentações horripilantes fora de casa contra Jacksonville e Detroit, dois times que não assustaram ninguém em 2018. Belichick, sempre tão dominante diante de ex-funcionários, foi dominado pelos Lions do ex-coordenador defensivo Matt Patricia.

Assim teve início mais um período de especulações sobre o fim Império de New England. Essa também foi a época de maior instabilidade ofensiva: Brady não estava jogando bem, seja por declínio pela idade, seja pela falta de um bom elenco de apoio; Sony Michel começou a temporada machucado e sem condições físicas ideais; Brandin Cooks, wide receiver mais talentoso da equipe, havia sido trocado meses antes – Amendola também tinha ido embora; Gronkoswki nitidamente não era/é mais o mesmo, tendo perdido sua velocidade, explosão e potencial para big plays. Por fim, Julian Edelman foi suspenso das quatro primeiras semanas de 2018.

A situação estava tão preocupante que Belichick decidiu trocar por Josh Gordon. Isso é a prova máxima do caos vivido pelos Patriots com o seu grupo de recebedores – por sinal, o running back James White foi por algumas vezes o recebedor mais prolífico da equipe.

Sequência de vitórias e a volta à normalidade

Para a sorte de New England, a tabela reservava três partidas seguidas em casa após o início 1-2, o que serviu para arrumar a casa e dar confiança ao time. Depois de atropelar Miami e Indianapolis, os Patriots conseguiram sua vitória mais expressiva da temporada: o 43 a 40 sobre os até então invictos Chiefs. O Império do mal estava de volta a pleno vapor.

Entre as semanas 4 e 9, foram seis triunfos seguidos com o ataque anotando uma média de 35,5 pontos por partida. Tal marca acabou sendo pouco comentada talvez devido ao desempenho de ataques mais badalados como o de Rams, Chiefs e Saints, mas é um número impressionante, sobretudo os 38 pontos colocados em cima da defesa dos Bears.

O retorno de Edelman foi importante, assim como a ascensão de Sony Michel, que passou a receber mais carregadas ao longo das semanas. Gordon também foi cada vez mais envolvido no plano de jogo conforme a temporada se desenrolava – até cair de novo no antidoping e ser afastado. Do outro lado da bola, a defesa vinha fazendo seu papel e não era mais uma máquina de pontos cedidos como foi em 2017. Em um intervalo de pouco mais de um mês, tudo já estava em ordem novamente em Foxborough.

Novos tropeços fora de casa e o “Milagre de Miami”

Lembra quando falamos da bipolaridade dos Patriots? Pois é, após esta sequência maravilhosa, o time voltou a patinar atuando longe do Gillette Stadium. Contra Titans e Steelers, New England combinou para 20 pontos – 10 em cada jogo – e foi destruído em Nashville por uma equipe que não ficou famosa em 2018 por destruir seus oponentes. Os seis triunfos consecutivos foram o suficiente para encaminhar o título de divisão, porém, o sinal de alerta estava ligado outra vez.

Contudo, o chamado “Milagre de Miami” foi provavelmente o ponto mais baixo de toda a temporada – curiosamente, dessa vez o ataque funcionou fora de casa, anotando 33 pontos. A derrota veio no último lance, com o cronômetro zerado e os Dolphins tentando vários passes para trás ao melhor estilo de Rugby. É difícil pensar em um jeito pior de perder uma partida.

Acreditando em uma possível hail mary, Belichick mandou Gronkoswki a campo como safety para brigar pelo alto. Como Miami não lançou na end zone e avançou correndo com a bola, coube ao tight end, com a mobilidade semelhante a um trator, o esforço final de tentar alcançar Kenyan Drake. Apesar de Belichick ter dado uma de suas épicas entrevistas dizendo que “é a Liga Nacional de Futebol, então ninguém morreu”, a derrota custou a chance dos Patriots terminarem com o seed #1 da AFC.

Nova identidade nos playoffs e a vaga no Super Bowl

New England juntou os cacos depois das derrotas para Dolphins e Steelers e terminou a temporada regular com duas vitórias tranquilas sobre Bills e Jets, o que lhe deu um record de 11-5 e uma folga na semana de Wild Card. Foi então que a nova identidade dos Patriots se consolidou de vez: eles se tornaram um time que prima pela excelência no jogo terrestre e pela imposição física sobre o adversário.

Até agora não falamos nada a respeito da linha ofensiva de New England, mas vale dizer que ela é uma das melhores, se não a melhor de todas, da franquia nas últimas temporadas. O center David Andrews e o guard Shaq Mason, em especial, foram excelentes. A unidade foi fundamental para o sucesso do estilo old school adotado pela equipe, tanto bloqueando, quanto protegendo Brady. Ademais, méritos também para os tight ends e para James Develin, que recolou a posição de fullback no mapa.

Os Patriots dominaram Chargers e Chiefs nas trincheiras – diante de Los Angeles, parecia uma partida de adultos contra adolescentes. Sozinho, Sony Michel correu para 242 jardas e cinco touchdowns somando os dois oponentes. Belichick e Josh McDaniels também criaram um plano de jogo simples, que neutralizou os poderosos pass rushers adversários, focado em passes curtos que tiraram a pressão de Brady e consagraram James White – foram ridículas 15 recepções diante de Los Angeles.

Resumidamente, este foi o caminho de New England até o Super Bowl LIII. Uma dificuldade incomum de atuar fora de casa e um elenco um pouco mais enxuto não foram o suficiente para impedir que Belichick, Brady e seus bluecaps chegassem ao seu nono Super Bowl, estendendo o recorde da parceira mais vitoriosa na história da NFL. Agora, a dupla buscará mais um anel de campeão no domingo, a partir das 21:30 (horário de Brasília), contra o Los Angeles Rams.

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